sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sensível ou Inteligível?


Olá pessoal. Ontem tive uma conversa com uma pessoa, que óbvio não vou revelar quem, nem onde, por várias razões e motivos, enfim, o que vai importar é o conteúdo da conversa e não seus personagens. Estávamos falando sobre vida, trabalho e satisfação no que esta pessoa me disse estar um pouco descontente com aquilo que faz e planeja mudar logo de vida. Nessa perspectiva resolvi perguntar o que significava o mundo? A resposta foi: O mundo é isto. Perguntei isto o que? Levantou os braços e apontou para as coisas ao nosso redor. Perguntei de novo, Se explique melhor, não estou entendedo? Ai tive outra resposta, o mundo é o que existe, o real.
Que coisa legal essa resposta, a partir daí não consegui mais parar de pensar sobre o assunto e, cheguei a algumas conclusões que podem estar certas ou erradas. Mas, vejamos: O mundo para esta pessoa são as coisas que existem e são reais, portanto, é o que ela vê, pega, sente, cheira e etc., assim o mundo para esta pessoa é a leitura que ela faz das coisas ao seu redor. Dessa forma penso eu, que o mundo torna-se subjetivo, ou seja, está sujeito a pessoa, que cria e passa a viver nesta realidade criada, logo, neste caso existem vários mundos, por quê? Dependendo da minha leitura de mundo, o meu pode ser diferente do seu. Uma pessoa que vive no deserto, onde só vê areia, vento, calor, e etc., terá uma concepção de mundo bem diferente do mundo de uma pessoa que vive em uma cidade grande. Assim também, toda a realidade de vida dessa pessoa passa a ser a leitura do que ela faz dos fenômenos que a cercam e das conclusões que ela chega, ou seja, a verdade dela pode ser diferente da verdade das demais, opa, isso pode explicar muita coisa sobre o modo das pessoas pensarem, bem como, o porquê delas acreditarem em determinadas coisas e em outras não. Assim, penso eu que o problema desse tipo de pensar é que, tanto, o mundo como a verdade e demais coisas são criados a partir da subjetividade de cada um, o que me leva a idéia de que tudo é relativo, uma determinada coisa pode ser assim e assado para mim e para você não. Acho isso um tanto quanto perigoso, pois se tudo é relativo, logo minhas ações, sejam elas boas ou más, serão justificadas pela minha visão de mundo. As ações boas são louváveis e bem vindas, já as más, muitas vezes terão conseqüências ruins para a pessoa que pratica como para as pessoas que sofrerão tais ações. Pois se tudo é relativo, também tudo é permitido desde que eu tenha feito a minha leitura e tenha me convencido de que aquilo vale à pena realizar.

Por outro lado, temos a teoria platônica sobre o mundo, que diferente do que expus acima, não parte de uma concepção de criação da realidade, mas parte da concepção de que a realidade é acessada, ou seja, para Platão este mundo aqui é somente aparente, sensível, portanto imperfeito. Existe assim um mundo perfeito, que Platão chama de mundo inteligível ou supra-sensível e, neste mundo perfeito, onde tudo é perfeição, Platão concebe idéias perfeitas, mas ou menos assim: quando penso em cadeira, tenho a idéia de um objeto que serve para sentar, que tem um encosto para escorar minhas costas, que tem uma base fixa onde me apoio e assim não caio no chão, a idéia de cadeira perfeita. Já a representação de cadeira no mundo sensível é imperfeita, porque é apenas uma cópia da idéia perfeita e sofre mutações tipo: pode ter quatro pernas, ou três, pode ser acolchoada ou não e coisas e tais. Porém a essência de cadeira continua, quando lhe falo a palavra cadeira o que vêm a sua mente é a essência de cadeira e não as muitas formas e modelos de cadeiras que por ai possam existir. Acho que me fiz entender, vamos avante. Portanto, para Platão existe uma essência, uma idéia absoluta de cadeira, que é a perfeita, dessa mesma forma existe uma essência, uma idéia de verdade absoluta, opa, portanto para Platão existe não uma verdade relativa, mas sim uma verdade absoluta, que serve de modelo para o mundo sensível, uma verdade um critério em que os homens devem basear seus pensamentos e intenções, tipo uma regra a seguir ela não pode oscilar, ser ao mesmo tempo absoluta e relativa, é uma verdade segura e sem engano, parece mais um dogma. Assim, penso eu, que a realidade do mundo não é mais a leitura que faço dele nas coisas reais e existentes, mais a leitura que eu acesso dele no mundo inteligível. E como isso se dá? Pelo processo que Platão chama de reminiscência, anamnese, ou seja, lembrança do que a alma contemplou quando ainda estava no mundo inteligível e tinha a visão direta das idéias perfeitas. Portanto, partindo desta teoria posso dizer que o conhecimento é inerente ao homem, bastando para tanto acessá-lo no mundo inteligível por meio de esforço, estudo e ai lembrar o que ele já sabia antes mesmo de nascer. Assim seguindo o raciocínio de Platão, nossas ações não podem ser realizadas ao bel-prazer, mas terão de seguir uma ordem de justiça, de belo, de verdade e etc., que são idéias absolutas.

É agora, quem está certo? Confesso que não sei responder e pra ser sincero acho que talvez nunca chegarei a saber, mas enquanto isso, sigo minha vida pensado sobre o assunto e refletindo como posso ajudar as pessoas em suas jornadas por este mundo, que dependendo do modo de pensar pode ser uma coisa para um e outra coisa para outro.

Fui...................................................................      

Edney Silva     

2 comentários:

  1. Se tal pergunta fosse feita a mim ( o que é o mundo? ), eu diria que ele é tudo aquilo que está relacionado com os 5 sentidos (Visão/ver as coisas; Olfato/sentir o cheiro das coisas; Audição/ouvir as coisas; Paladar/sentir o gosto das coisas e Tato/sentir a forma das cosias). Porém, eu acrescentaria que o mundo não é só o físico, mas sim também o abstrato, ou seja, aquilo que você não pode ver.
    Deus, por exemplo é um grade exemplo disso. Nós não o vemos, mas sabemos que ele existe. Os nossos sentimentos interiores como o amor e o ódio fazem parte do nosso mundo, porém não o vimos. Resumindo, o mundo (para qualquer ser humano) é o casamento do mundo real (físico) com o mundo imaginário (abstrato). Ninguém vive apenas só com um deles.
    Mesmo com essa particularidade em comum com todos os seres humanos, a visão de cada um pode divergir em sua maneira, como fora dito no texto. O tipo de meio em que vivemos contribui para uma visão restrita ou ampla das cosias. Um a pessoa que tem condições de conhecer novos lugares, descobrir novas culturas e tem como a leitura um hábito em sua vida tem uma visão totalmente diferente de quem, por exemplo, passou a vida toda morando no campo sem ter nunca sequer posto os pés em uma cidade grande.
    A título de esclarecimento, não estou aqui discriminando ou dizendo que uma pessoa mais viajada e culta seja melhor de quem não teve as mesmas oportunidades, mas sim que ambas tem visões diferentes do mundo, como um todo, por conta do meio (restrito ou amplo) em que vivem ou viveram.

    JOSUÉ LIMA

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  2. Muito bem meu amigo Josué Lima, mais uma vez você compreendeu a lógica do texto e de modo eficiênte você emitiu sua opinião, continue sempre assim.
    Um grande abraço e até a próxima.

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