sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Viver é sentir a vida II

Sempre gosto de refletir sobre a vida, pois gosto muito de viver, e, é por isso que volta e meia retorno a este assunto, pois para mim viver é uma aventura diária, uma jornada surpreendente, que precisa ser sentida, tocada, percebida, respirada, enfim precisa ser vivida em ação e sentimento. A vida é curta e não sabemos até quando disporemos dela, até quando ela estará ai, nos dando esta alegria dia-a-dia de adormecermos e despertamos do nosso sono. Por outro lado, este não saber, nos dá o incentivo certo e necessário para vivermos plenamente a cada manhã. Viver não é passar anos e anos sobre a terra, vagando, vegetando e sobrevivendo como se fossemos nascidos para semente, nascidos para sempre, não, a vida não é só isso, é muito mais.

 Outro dia li, que existem dois tipos de pessoas no mundo, existem as pessoas que estão na arquibancada, assistindo a uma partida de futebol, e existem aquelas que estão jogando, ou seja, existem pessoas que passam a vida apenas observando e torcendo pelo sucesso das outras e, acabam se esquecendo de viverem as suas próprias vidas, ficam em situação de inércia e deixam, por assim dizer, suas vidas passarem, é como um vento que sopra no oriente e se mostra no ocidente, rapidinho passa, não é? Enquanto isso existem as pessoas que estão jogando, que se dispõem a viver, a participar, a fazer algo ou alguma, que colocam a sua existência em propósito contínuo. Viver é sentir a vida, esta frase muito me anima e me incentiva a fazer sempre mais pela minha existência, não é preciso muito para sentir a vida, é preciso apenas ter a simplicidade necessária para perceber que tudo que a vida nos proporciona dependerá de nós para ser uma coisa boa ou ruim. Não são as ações que tomamos, mas sim as escolhas que fazemos que nos fazem ser quem somos. Cada um de nós vive uma experiência única, ninguém pode viver a vida de ninguém, cada um deve viver a sua. A vida é singular e única, portanto, sinta-a fluir pelo seu corpo, aproveite cada minuto como se fosse único, ame e se deixe ser amado, abrace e se deixe abraçar, conheça e se deixe conhecer, sinta e se deixe sentir e finalmente viva e se deixe viver. Sentir a vida é participar desta dança maravilhosa, neste salão glorioso, que se chama mundo. Não somos estátuas de mármore, as quais têm sempre a mesma expressão a que o artista lhe presenteou, umas têm semblante triste, outras têm semblante alegre, e elas não possuem escolha, pois, foram assim esculpidas, mas nós não somos assim, somos seres de ação e sentimento, portanto, sentir a vida é tocar e ser tocado, é interagir e ser interpelado, é estar de bem, é estar alegre, é estar confiante, é estar feliz consigo mesmo e com seu semelhante, é ser gente, é ser povo, é ser humano.

Por fim, viver é simplesmente participar do hoje, do agora, do presente. Viver é realmente uma dádiva de Deus, por isso que viver para mim é um privilégio e, me permitam dizer, viver é tudo de bom. Porém, não devemos nunca esquecer que a vida é curta e precisa ser vivida intensamente.


Em memória de Dona Liduina, pessoa conhecida minha e parente de minha tia Elza, da parte do seu esposo, faleceu nas primeiras horas de hoje dia 27 de dezembro de 2013, no Hospital do Coração em Messejana. Lutou até o fim pela sua vida, mas era sua hora. Siga em Paz e que Deus conforte a família.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal e Ano Novo

É estranho, mas as coisas boas e os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito o que ouvir sobre eles, enquanto as coisas desconfortáveis, palpitantes e até mesmo horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar......(O Hobbit, J.R.R Tolkien).

Quando se aproximam as festas de Natal e fim de ano, eu fico muito pensativo e passo a refletir mais sobre as minhas ações e atitudes, e na maioria das vezes só consigo me lembrar do mal feito que pratiquei, seja ele voluntário ou involuntário,  e planejo, quase sempre, pedir desculpas pelo que fiz. Mas lendo o livro acima, é não leio somente livros de filosofia e teologia, rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs, encontrei essa pequena citação, que de imediato abriu meu pensamento a respeito do assunto, será que isso tem um fundo de verdade? Será que as coisas são assim mesmo? E por que são assim? O tema é por certo interessante e instigante. Será que é por isso que os programas sensacionalistas de plantão, que nos informam sobre tanta criminalidade e violência, têm mais audiência do que programas que nos trazem notícias boas e agradáveis. Pois é, notícias ruins e desagradáveis dão uma boa história e levam um bom tempo para serem contadas e recontadas, até a exaustão, enquanto, os feitos e notícias boas e agradáveis perdem o ibope cedo demais.
É por isso que, quando vamos refletir sobre nossas ações, temos bastante cuidado em descobrirmos se ofendemos alguém diretamente, ou por meio de alguma coisa, por que infelizmente, podemos acertar 99% e errar apenas 1%, mas pasmem! Seremos lembrados pelo 1% que erramos e não pelos 99% que acertamos. Mas não é para ser assim, e não deve ser assim, precisamos nos livrar desse pensamento que nos foi imposto, sim imposto, pois não nascemos pensando, aprendemos a pensar, alguém ou alguma coisa(Sistema, Instituição e etc.) nos ensinou, mas o bom disso tudo é que podemos mudar, podemos transformar a nossa maneira de ver e compreender o mundo, podemos ter nossas próprias experiências, podemos fazer e dar rumo certo a nossa existência, enquanto seres humanos. Nem sempre o discurso ou a história vencedora nos torna também igualmente vencedores, é preciso descobrir a verdade, é preciso conhecer e tirar nossas próprias conclusões, nem tudo que parece ser é, como diz o ditado popular “as aparências enganam”, não precisamos seguir a maioria, levantar sempre as mesmas bandeiras, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, diz “Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminarem, lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterizar”, precisamos ser nós mesmos sempre, acreditar em si é o primeiro passo para a concretização dos nosso sonhos. O que estou querendo dizer é que as pessoas erram e jamais deixarão de errar, mas é preciso acreditar nelas, é preciso dá-las uma chance de acertarem, de se redimirem, de serem pessoas melhores, acreditem nas pessoas, pois estou convencido de que existem mais pessoas boas neste mundo, do que não boas.
Sei que nunca serei perfeito, e que sempre vou cometer erros, porque sou humano, sou pessoa, sou gente, mas quero a cada dia ser um ser humano melhor, e continuar contando com a amizade de todos vocês, pois sem amigos não se consegue viver, obrigado a todos os meus amigos e amigas, que estiveram comigo durante o transcorrer desse ano que ora se finda. Desejo a vocês um Feliz Natal de Paz e Luz, naquele que é a luz que ilumina a todos, JESUS CRISTO, a Luz deste mundo, e que em 2014 todos os nossos sonhos e realizações se concretizem.

Edney Silva

 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Felicidade quem têm?

Como de costume, mais uma vez, fui colocado a pensar sobre as coisas simples da vida que nos pertubam e nos fazem ver bem além do que a nossa visão enxerga.  Sou do tipo que gosta de observar as coisas, escutar e pensar bem antes de falar ou dar alguma opinião, afinal de contas, opinião cada um têm a sua, né mesmo? Pois bem, felicidade é um assunto que não sai de modo nunca, seja pelos apelos propagandistas, comerciais, sonhadores, cotidianos e até utópicos. Todo mundo quer ser feliz, ainda não encontrei uma pessoa que não queira experimentar a sensação de felicidade, de ser feliz, ainda que por um minuto só, e, é exatamente por isso, que este assunto é tão explorado.
Assim me apego a pensar o que seja a felicidade. Para alguns, felicidade é ter muito dinheiro, é possuir muitas coisas, é ter uma vida de prazeres e alegrias. Para outros, felicidade é ter o que se deseja  na hora que se têm vontade, é fazer o que dá na telha, é quebrar com o convencional, ou seja, é tomar banho de chapéu, é mastigar com a boca cheia, é andar na contramão. Para outros, felicidade é realizar os sonhos há muito planejados, é passar em um concurso público, é passar no vestibular, é fazer um bom casamento. Para outros mais, felicidade é ter uma vida contemplativa, uma vida regrada pelo sentimento de religiosidade, sentimento de espiritualidade e assim no final das contas ganhar o céu, o paraíso, viver eternamente em paz. Têm ainda, aqueles que acreditam que só serão felizes, se e somente se, ganharem um grande prêmio de uma loteria. Enfim, me parece que felicidade ou ser feliz, tem sempre a ver com  o sentimento de DESEJAR, de ter, ser  e/ou possuir alguma coisa. Penso que ser feliz é desejar, é ter, é ser e possuir tudo o que escrevi acima, no entanto, devemos ter cautela em nossos desejos, controlá-los, subjugá-lo,  para que nós como pessoas alcacemos corações felizes. Entendo que a felicidade tem a ver com uma "justa medida", quero dizer com isso, que temos que ser felizes com o que temos, somos e possuimos, porque se assim não for, nunca seremos felizes, estaremos sempre com um pé a frente e não apreciaremos a paisagem em que estamos em determinado momento da nossa vida, não estou dizendo com isso que temos que nos acomodar e ficarmos só com o que temos agora, o que estou tentando dizer é que ser feliz e ser justo consigo mesmo, é apreciar o momento que estamos vivendo e, enquanto isso procurar crescer mais e mais até chegar no plano que foi traçado por cada um.
Portanto, para mim felicidade é viver feliz a cada momento, cada hora, cada dia, ser feliz com o que somos e temos e procurar ganhar mais e não ser ingranto com o que a vida nos proporcionou até agora, porque se não fizermos isso seremo infelizes ao invés de felizes. 
É o que penso, até mais....................................
Edney Silva
     


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Estado de Escravidão segundo Jean-Jacques Rousseau na obra O Contrato Social

Resumo apresentado na XII SEMANA DE FILOSOFIA DA UECE
, com o tema: "Pensar a Tradição e Pensar o Presente" realizado no período de 30 de Setembro a 04 de Outubro de 2013, na UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE. 

Na Obra o Contrato Social Rousseau análisa o pretenso “direito de escravidão”, para Rousseau esse direito é nulo e ilegítimo, simplesmente por ser absurdo e nada significar. Rousseau entende que as palavras escravidão e direito são contraditórias entre si e, excluem-se mutuamente, sendo o discurso do “direito de escravidão”, quer seja de um homem para outro, quer de um homem para um povo, será sempre insensato, pois um homem que se faz escravo de um outro, não se dá, quando muito, vende-se pela subsistência. Já um povo por que se venderia?
Dizer que um homem se dá gratuitamente constitui uma afirmação absurda e totalmente inconcebível, sendo o ato ilegítimo e nulo, tão somente porque aquele que o pratica não se encontra no completo domínio de seus sentidos, dizer a mesma coisa de um povo é supor um povo de loucos, a loucura não cria direito. Mesmo que um homem pudesse alienar-se a si mesmo, não poderia neste caso alienar seus filhos, pois estes nascem homens e livres, sua liberdade pertence-lhes e ninguém, senão eles gozam do direito de dispor dela. Dessa forma, o pai antes que cheguem á idade da razão pode estipular condições para sua conservação e seu bem-estar, mas não pode dá-los irrevogável e incondicionalmente, porque uma tal doação é contrária aos fins da natureza e ultrapassa os direitos da paternidade. Para Rousseau o homem nasce livre e, renunciar a liberdade é renunciar á própria qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Tal renúncia não se compadece com a natureza do homem, e destituir-se voluntariamente de toda e qualquer liberdade equivale a excluir a moralidade de suas ações. Alguns autores encontram na guerra uma origem para o direito de escravidão, tendo o vencedor, segundo estes autores, o direito de matar o vencido, este pode resgatar a vida pelo preço da sua liberdade. Para Rousseau este direito de matar o vencido de modo algum resulta do estado de guerra, pois que esteja em estado de paz ou guerra, os homens em absoluto não são naturalmente inimigos, pois a guerra não concede nenhum direito que não os necessários à sua finalidade. Além do que a guerra não representa de modo algum, uma relação de homem para homem, mas uma relação de Estado para Estado, na qual os particulares só acidentalmente se tornam inimigos, não o sendo nem como homens, nem como cidadãos, mas como soldados, e não como membros da pátria. Já quanto ao pretenso direito de conquista, não dispõe este de outro fundamento além da lei do mais forte. Se a guerra não confere jamais ao vencedor o direito de massacrar os povos vencidos, esse direito, que ele não tem, não poderá servir de base ao direito de escravizar, logo, o direito de fazer escravo não vem do direito de matar, constituindo, pois, troca iníqua o fazer-se comprar, pelo preço da liberdade, sua vida, sobre a qual não se tem qualquer direito.             

Palavra Chave: Escravidão; Homem; Direito; Guerra; Liberdade.  

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Algo novo........................

Todo começo tende a ser bom e, na maioria das vezes mais do que muito bom. Nós seres humanos não fomos feitos, criados, ou simplesmente aparecemos do nada como alguns crêem, para ficar parados, inértes ao tempo e ao espaço, somos seres atidos, feitos para nos mexermos, nos sacudirmos, feitos para a ação e, é por isso, que o ser humano não pode e nem deve permanecer parado, ele procura sempre algo novo, algo que desperte suas ações e emoções. Quase tudo que começamos veio de uma necessidade que nem mesmo nós podemos entender, é uma necessidade que por vezes não podemos controlar e nem devemos, pois é dessa necessidade que surgem as grandes idéias que mudam o mundo.
Algum tempo atrás achei que meu tempo havia passado e que tudo o que me restava era terminar de viver os meus dias em paz e sossego, mas como eu acredito, nós somos feitos para a ação, comecei a perseguir algo de novo, algo que nem eu sabia o que era, então fui à luta, comecei organizando minha vida, procurei não desperdiçar tempo, tipo passar muito tempo na frenta da TV, não sou contra TV ou coisa parecida, mas acho que estamos nos tornando seres sem pensamento, justamente, porque passamos mais tempo assistindo TV do que lendo um bom livro, exercitando nossa mente, nosso intelecto. Há tanta coisa para se descobrir, para se inventar e nós estamos presos a programação diaria da TV, com seus filmes, séries, programas de variedades, jogos de futebols e etc. O certo é que não temos mais coragem de expor nossas opiniões, porque temos medos de passarmos por ridículo, retardados e tantos outros nomes pejorativos que nos colocam, e mesmo assim quando ousamos opinar, quase sempre o fazemos sobre algums bandeira, partido, ideologia e coisa e tal, fazemos isto para tirar um pouco de nossa responsabilidade, de nossa atitude, não dispomos de coragem o bastante para dizermos uma coisa simplesmente por dizermos, precisamos de alguém para chancelar, para homologar. Pois eu me atrevo e exponho minha opinião para o mundo todo ouvir, como já escrevi na minha apresentação se estiver errado quanto ao meu pensamento pelo menos aqueles que ousarem ler não erraram mais. Outra coisa que me importuna muito é o pouco senso crítico das pessoas de hoje em dia, elas lêem de tudo, mais no máximo curtem, ou compartilham estilo facebook, porém comentarem poucos o fazem, acredito que esse comportamento vem de um profundo sentimento de inferioridade, ou talvez de um sentimento egoísta que está, nos sendo imposto desde o nosso nascimento, senão vejamos: muitas famílias criam seus filhos numa verdadeira masmorra e depois acham ruim em ver no que eles se tornaram, não deixam seus filhos brincarem com outras crianças, não levam eles próprios seus filhos ao colégio, ao contrário contratam transportes escolares, com isso as crianças não criam atitudes frente as outras pessoas, tipo caminar de casa até o colégio dando bom dia ou boa tarde as pessoas, cumprimentando o porteiro do colégio, isso não acontece, pois o pessoal do transporte escolar pega as crianças na porta de casa e as deixam aos montes dentro da sala de aula, não há lugar para interação nenhuma é difícil, a comunicação fica zero, se relacionando talvez e quando muito com o ou a  coleguinha que vai sentar ao seu lado no transporte escolar. Como resultado disso temos hoje adultos que não conseguem conversar, dialogar, escrever, falar é triste, vejo com isso pessoas que começam um relacionamento sem comunicação, continuam sem comunicação e terminam o relacionamento com uma mensagem passada pelo celular, simplesmente por que não tem saco para uma conversa, dá até vontade de rir de uma coisa dessa mais é a mais pura verdade.
Precisamos estar atentos as pequenas coisas que a vida nos proporcionam, pois são estes algos novos que nos fazem viver e sentir a vida, são as pequenas coisas que nos encantam e nos fazem prosseguir, porque sempre haverá uma estrada em nosso caminho, basta apenas termos coragem se segui-la e ver até onde ela nos levará, há única ressalva que temos de fazer são quanto as curvas perigosa que nos aparecem, pois se tomarmos essa direção poderemos nos dar mal, assim, avalie cada curva de seu caminho, pesando sempre os prós e contras e permaneça no caminho que te faz feliz. Pois eu acredito que não são as escolhas que fazemos que nos definem e sim as nossas ações. 

Pensem nisso e boa tarde a todos e bom final de semana.

Edney Silva 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Direitos Humanos


SOBRE A CRÍTICA DOS DIREITOS HUMANOS E DA IDEOLÓGIA DO ESCLARECIMENTO, SEGUNDO ROBERTO KURZ


  
Por: Edney de Oliveira da Silva      
Resumo: Quem em sã consciência seria contrário aos direitos humanos? O filósofo e sociólogo Roberto Kurz nos faz refletir que é possível sim ser contrário aos direitos humanos. Ele nos apresenta uma nova perspectiva quanto ao pensamento que desenvolveu os direitos humanos e como esse dito direitos humanos tem se apresentado na sociedade hodierna, de uma forma clara e precisa Roberto Kurz nos faz enxergar além das aparências de bondade dos direitos humanos e nos mostra qual a sua verdadeira finalidade.
 
Palavra-Chave: Direitos Humanos, Direito Natural, Mercado, Trabalho. 


I - INTRODUÇÃO

O presente artigo discorrerá sobre a tese do filósofo e sociólogo Robert Kurz, mais precisamente sua critica aos direitos humanos. Seu pensamento é nos apresentado de forma clara e objetiva, baseando suas afirmações de forma jurídica, ele percebe que o mesmo critério é utilizado para o reconhecimento dos indivíduos por parte os direitos humanos, sendo que o processo de transformação do indivíduo enquanto sujeito dos direitos humanos, tem como pressuposto o fator econômico em detrimento do próprio indivíduo enquanto pessoas em si, ela é desnuda de toda sua forma isso culturalmente e socialmente.
A fim de facilitar nosso estudo dividimos este artigo em duas partes: na primeira apresentamos uma breve e suscita história dos direitos humanos, abrangendo sua suposta origem e seu desenvolvimento através dos tempos, chegando até a modernidade com um discurso de igualdade e dignidade entre as pessoas. Já na segunda parte expomos os principais aspectos do paradoxo dos direitos humanos, em relação a suas próprias ações, que de certa forma são contraditórias e divergentes e que vistas do ponto de vista do autor representam uma verdadeira ameaça a dignidades das pessoas enquanto cidadãs possuidoras de direitos inalienáveis.

II – BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS

Com intuito de melhor expor a tese de Robert Kurz acerca de sua crítica aos Direitos Humanos, faz-se necessário, iniciar este artigo com um breve esboço histórico dos Direitos Humanos e a sua expansão no mundo hodierno. A princípio os direitos humanos são resultados de um longo e demorado processo histórico, tendo sido causa de debates calorosos por séculos entre teóricos e intelectuais. Segundo a Antropóloga Ivete Manetzeder, a gênese dos direitos humanos é uma combinação da filosofia Estóica, Iluminismo e Cristianismo.  

Nascidos da tradição ocidental (mas não inerentes a ela), numa combinação da filosofia estóica com o iluminismo, como querem alguns, ou no cristianismo, como querem outros, os direitos humanos, ainda como temas humanitários estóicos e cristãos, foram acolhidos pela tradição de mais de dois mil anos do Direito natural, estendendo-se desde a antigüidade até a jurisprudência racional da era moderna.[1]

Nessa tradição podemos perceber que o início dos direitos humanos remete-nos para a área da religião, mormente o Cristianismo, com sua afirmação da defesa da igualdade de todos os homens numa mesma dignidade, em que o indivíduo está no centro de uma ordem social e jurídica justa, bem como o estoicismo que propõe ao homem viver de acordo com a lei racional da natureza, daí o embrião do direito natural como forma do direito humano, que foi desenvolvido na Idade Média, pelos matemáticos cristãos.
Com o advento da Idade Moderna, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII, reformularam a teoria do direito natural, tirando dela o caráter de submissão a ordem divina, com isso o direito natural deixou de ter seu foco no Cristianismo, e passou a basear-se na razão, para os filósofos racionalistas todos os homens são por natureza livres e têm certos direitos inatos de que não podem ser despojados quando entram em sociedade, tais como: direitos econômicos, políticos e religiosos. Foi esta corrente de pensamento que acabou por inspirar o atual sistema internacional de proteção dos direitos do homem.
Um dos principais fortalecimentos dos Direitos Humanos deu-se após a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945, quando foi criada a Organização das Nações Unidas – ONU, que tem como principal objetivo manter a paz, a segurança internacional, desenvolver relações amigáveis entre as nações, realizar a cooperação internacional resolvendo problemas internacionais de caráter econômico, social, intelectual e humanitário, desenvolver e encorajar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais sem qualquer tipo de distinção.
Nesse contexto, firmam-se os Direitos Humanos modernos, uma forma de redoma protetora para os países que a ele se filiam por intermédio da ONU, Organização esta que de certa forma é capitaneada pelos Estados Unidos da América que comanda o restante dos países ricos e poderosos, assim seguindo essa política americana a ONU estabelece resoluções aos demais membros e, aqueles que as seguem fiel e cegamente vivem em demasiada paz, aos que lhe são contrários, cabem apenas sanções e proibições as mais diversas possíveis, inclusive uma completa inércia e indiferença ao valor do ser humano, pois quando a ONU, fecha os olhos às barbáries das guerras civis injustificáveis, mortes por inanição, extermínio e tráficos de drogas, só para citar alguns.

Ora, todos nós sabemos que persistentes violações dos direitos civis, políticos e sociais são tristes realidades em todas as regiões do mundo, sobretudo nos países periféricos nos quais atingem níveis de indecência e monstruosidade. Estas violações além da tortura e dos tratamentos ou penas cruéis, desumanos e degradantes, incluem as execuções sumárias e arbitrárias, os desaparecimentos, as detenções arbitrárias, o racismo em todas as suas formas, a discriminação racial e o apartheid, a ocupação e dominação estrangeiras, a xenofobia, a pobreza, a fome e outras denegações dos direitos econômicos, sociais e culturais, a intolerância religiosa, o terrorismo, a discriminação contra a mulher e o atropelo das normas jurídicas.[2]

Assim, quando a ONU se presta a esse desserviço, ela nega completamente seu papel, rotulado no primeiro capitulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando afirma “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”         

III. PARADOXO DOS DIREITOS HUMANOS

A grande questão dos direitos humanos para Roberto Kurz, não está na forma de suas ações, mas sim na contradição destas ações. “É em nome dos direitos humanos que cai a chuva de bombas; e é em nome dos direitos humanos que as vítimas são assistidas e consoladas.”[3], para o autor não se pode falar em direitos humanos enquanto, países ricos são validados por esse mesmo direitos humanos a realizarem verdadeiras matanças, muitas vezes com números de vítimas bem maiores que as barbáries dos ditadores e terroristas “Se há um direito à vida e à integridade física, como se pode aceitar então, com anuência, que as intervenções militares ocidentais matem mais pessoas inocentes que as atrocidades dos ditadores e dos terroristas?”[4], nesse sentido há para Roberto Kurz uma verdadeira contradição, ou seja, as grandes potencias mundiais que em certo sentido manipulam os direitos humanos apontam a arma em direção ao próprio pé “Trata-se simplesmente de uma incoerência do poder imperial ocidental que pisa em seus próprios princípios?”
Na perspectiva de Robert Kurz para “ser” ser humano é preciso estar condicionado às normas do mercado, é preciso produzir, ser ativo no plano econômico, participar de alguma forma do processo de valorização do capital, enfim é preciso ser capaz de trabalhar, ou seja, produzir a qualquer custo, chegando-se ao extremo de vender o próprio corpo, portanto, para o autor, ser humano é ser um simples objeto, em ação da liberdade do mercado.

Somente um ser que ganha dinheiro pode ser um sujeito do direito. A capacidade de entrar numa relação jurídica está ligada, portanto, à capacidade de participar de alguma maneira no processo de valorização do capital. Conforme essa definição, o ser humano tem de ser capaz de trabalhar, ele precisa vender a si mesmo ou alguma coisa (em caso de necessidade, próprios órgãos do corpo), sua existência deve satisfazer o critério da rentabilidade. Esse é o pressuposto tácito do direito moderno em geral, ou seja, também dos direitos humanos.[5]

Assim, o ser humano está condicionado a uma condição de completo abandono e, mesmo de desprezo, pois nessa ótica apresentada por Robert Kurz, o ser humano só vale alguma coisa quando ele pode pagar por suas dívidas. “Ano após ano morrem milhões de pessoas (inclusive crianças) de fome e enfermidades pela simples razão de não serem solventes.”[6], nesse sentido, podemos claramente aduzir da tese de Robert Kurz, que para os direitos humanos o ser humano é em princípio um ser solvente, e quanto mais solvente ele for mais humano ele será, por outro lado, o ser humano insolvente, não pode de nenhuma maneira ser considerado ser humano, ou seja, essa pessoa é tudo menos humano, ela é compara com a zoé, ou vida nua do filósofo italiano Giorgio Agamben.
A definição de ser humano para Robert Kurz encontra seu paradoxo na definição da forma do direito moderno, que segundo ele implica em uma relação de inclusão e exclusão, ou melhor, formulado de reconhecimento e não reconhecimento. Sendo esse reconhecimento uma forma de julgamento puramente exterior a pessoa, que é tratada como um ser humano abstrato, um ser totalmente abstraído de sua forma física, de suas necessidades corporais, sociais e culturais, uma mera abstração, que só possui sentido quando atrelado ao fator econômico, “O ser humano em geral visado pelos direitos humanos é o ser humano meramente abstrato, isto é, o ser humano enquanto portador e ao mesmo tempo escravo da abstração social dominante. E somente como este ser humano abstrato ele é universalmente reconhecido.”[7]. Prosseguindo, Roberto Kurz , esclarece que existe um verdadeiro processo seletivo de submissão e reconhecimento para transformação dos seres humanos em sujeito abstrato, portanto sujeitos do direitos humanos, sendo esse reconhecimento levado as últimas conseqüências e, caso não seja mais possível esse reconhecimento será utilizado, inclusive derramamento de sangue. “E caso necessário, os  mísseis ou, como ultima ratio, as bombas atômicas terminarão definitivamente o (procedimento de reconhecimento), afim de levar os indivíduos não mais capazes de reconhecimento ao status de matéria física”.[8]    
Dessa forma e, por esses motivos Roberto Kurz deduz que a promessa dos direitos humanos é sobretudo uma grande ameaça no sentido de apenas reconhecer o ser humano apto para ações desse mesmo direitos humanos na medida em que as pessoas são ou tornam-se um ser solvente e por conseguinte um ser humano.          
 
IV – CONCLUSÃO
 
 A tese apresentada por Robert Kurz, no que diz respeito a critica aos direitos humanos é por demais valiosa no sentido de que nos fazer refletir sobre a causa primeira desse direito, ninguém em sã consciência seria capaz de ser contrario aos direitos humanos na roupagem em que ele é apresentado hoje às pessoas. No entanto, Roberto Kurz nos mostra que essa roupagem a nós induzida é totalmente falsa e mais, é totalmente contrária aos ideais promovidos pelo próprio direitos humanos. Frases populares como “direitos humanos, para humanos direitos”, após o estudo dessa tese, tomou para mim outro significado, pois como pode haver humanos direitos se não há reconhecimento desses humanos por parte dos direitos humanos. Como seres humanos podem se tornar humanos direitos se há eles são negados direitos básicos como educação, saúde, segurança, moradia, lazer e, até mesmo o direito a própria vida, isso para citar apenas alguns. Pessoas são desrespeitadas todos os dias, seus direitos são simplesmente negados, sua cidadania não é levada a sério, são reduzidos a uma vida de sofrimento e solidão, verdadeiros guetos são formados com intuito de deixarem esquecidos no tempo e espaço pessoas que não são reconhecidas pelos ditos direitos humanos.
Por fim, a tese é bastante pertinente, pois nos faz refletir sobre a situação a que estamos submetidos, e como deixamos chegar a esta ponto. Será realmente necessário ao ser humano enquanto pessoa que ostenta uma cidadania, ser submetida ao reconhecimento dos seus direitos mediante sua situação econômica? Essa indagação a princípio parece ridícula e sem nexo, mas é justamente o que acontece, e sendo esta a situação atual, necessitamos de uma urgente transformação e reconhecimento não mais da pessoa pelos direitos humanos, mas ao contrario as pessoas é que devem reconhecer estes direitos humanos, a fim de transformá-los em uma situação a favor daqueles que realmente necessitem de seu apoio e, não que os direitos humanos tenham seu carro chefe organizações e até mesmo países ricos e poderosos e que só agem a favor dos seus supostos donos.  
 
BIBLIOGRAFIA

Os Paradoxos dos Direitos Humanos de Autoria do Filósofo Robert Kurz.


[1] Artigo: Paradoxo dos Direitos Humanos no Capitalismo Contemporâneo de Autoria da Antropóloga Ivete Manetzeder, pg 1.

[2] Artigo: Paradoxo dos Direitos Humanos no Capitalismo Contemporâneo de Autoria da Antropóloga Ivete Manetzeder, pg 2.
[3] Artigo: Os Paradoxos dos Direitos Humanos de Autoria do Filósofo Robert Kurz, pg. 1.
[4] Artigo: Os Paradoxos dos Direitos Humanos de Autoria do Filósofo Robert Kurz, pg. 1.
[5] Idem, pg. 2.
[6] Idem, pg. 1
[7] Artigo: Os Paradoxos dos Direitos Humanos de Autoria do Filósofo Robert Kurz, pg. 2.
[8] Idem, pg. 3.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sensível ou Inteligível?


Olá pessoal. Ontem tive uma conversa com uma pessoa, que óbvio não vou revelar quem, nem onde, por várias razões e motivos, enfim, o que vai importar é o conteúdo da conversa e não seus personagens. Estávamos falando sobre vida, trabalho e satisfação no que esta pessoa me disse estar um pouco descontente com aquilo que faz e planeja mudar logo de vida. Nessa perspectiva resolvi perguntar o que significava o mundo? A resposta foi: O mundo é isto. Perguntei isto o que? Levantou os braços e apontou para as coisas ao nosso redor. Perguntei de novo, Se explique melhor, não estou entendedo? Ai tive outra resposta, o mundo é o que existe, o real.
Que coisa legal essa resposta, a partir daí não consegui mais parar de pensar sobre o assunto e, cheguei a algumas conclusões que podem estar certas ou erradas. Mas, vejamos: O mundo para esta pessoa são as coisas que existem e são reais, portanto, é o que ela vê, pega, sente, cheira e etc., assim o mundo para esta pessoa é a leitura que ela faz das coisas ao seu redor. Dessa forma penso eu, que o mundo torna-se subjetivo, ou seja, está sujeito a pessoa, que cria e passa a viver nesta realidade criada, logo, neste caso existem vários mundos, por quê? Dependendo da minha leitura de mundo, o meu pode ser diferente do seu. Uma pessoa que vive no deserto, onde só vê areia, vento, calor, e etc., terá uma concepção de mundo bem diferente do mundo de uma pessoa que vive em uma cidade grande. Assim também, toda a realidade de vida dessa pessoa passa a ser a leitura do que ela faz dos fenômenos que a cercam e das conclusões que ela chega, ou seja, a verdade dela pode ser diferente da verdade das demais, opa, isso pode explicar muita coisa sobre o modo das pessoas pensarem, bem como, o porquê delas acreditarem em determinadas coisas e em outras não. Assim, penso eu que o problema desse tipo de pensar é que, tanto, o mundo como a verdade e demais coisas são criados a partir da subjetividade de cada um, o que me leva a idéia de que tudo é relativo, uma determinada coisa pode ser assim e assado para mim e para você não. Acho isso um tanto quanto perigoso, pois se tudo é relativo, logo minhas ações, sejam elas boas ou más, serão justificadas pela minha visão de mundo. As ações boas são louváveis e bem vindas, já as más, muitas vezes terão conseqüências ruins para a pessoa que pratica como para as pessoas que sofrerão tais ações. Pois se tudo é relativo, também tudo é permitido desde que eu tenha feito a minha leitura e tenha me convencido de que aquilo vale à pena realizar.

Por outro lado, temos a teoria platônica sobre o mundo, que diferente do que expus acima, não parte de uma concepção de criação da realidade, mas parte da concepção de que a realidade é acessada, ou seja, para Platão este mundo aqui é somente aparente, sensível, portanto imperfeito. Existe assim um mundo perfeito, que Platão chama de mundo inteligível ou supra-sensível e, neste mundo perfeito, onde tudo é perfeição, Platão concebe idéias perfeitas, mas ou menos assim: quando penso em cadeira, tenho a idéia de um objeto que serve para sentar, que tem um encosto para escorar minhas costas, que tem uma base fixa onde me apoio e assim não caio no chão, a idéia de cadeira perfeita. Já a representação de cadeira no mundo sensível é imperfeita, porque é apenas uma cópia da idéia perfeita e sofre mutações tipo: pode ter quatro pernas, ou três, pode ser acolchoada ou não e coisas e tais. Porém a essência de cadeira continua, quando lhe falo a palavra cadeira o que vêm a sua mente é a essência de cadeira e não as muitas formas e modelos de cadeiras que por ai possam existir. Acho que me fiz entender, vamos avante. Portanto, para Platão existe uma essência, uma idéia absoluta de cadeira, que é a perfeita, dessa mesma forma existe uma essência, uma idéia de verdade absoluta, opa, portanto para Platão existe não uma verdade relativa, mas sim uma verdade absoluta, que serve de modelo para o mundo sensível, uma verdade um critério em que os homens devem basear seus pensamentos e intenções, tipo uma regra a seguir ela não pode oscilar, ser ao mesmo tempo absoluta e relativa, é uma verdade segura e sem engano, parece mais um dogma. Assim, penso eu, que a realidade do mundo não é mais a leitura que faço dele nas coisas reais e existentes, mais a leitura que eu acesso dele no mundo inteligível. E como isso se dá? Pelo processo que Platão chama de reminiscência, anamnese, ou seja, lembrança do que a alma contemplou quando ainda estava no mundo inteligível e tinha a visão direta das idéias perfeitas. Portanto, partindo desta teoria posso dizer que o conhecimento é inerente ao homem, bastando para tanto acessá-lo no mundo inteligível por meio de esforço, estudo e ai lembrar o que ele já sabia antes mesmo de nascer. Assim seguindo o raciocínio de Platão, nossas ações não podem ser realizadas ao bel-prazer, mas terão de seguir uma ordem de justiça, de belo, de verdade e etc., que são idéias absolutas.

É agora, quem está certo? Confesso que não sei responder e pra ser sincero acho que talvez nunca chegarei a saber, mas enquanto isso, sigo minha vida pensado sobre o assunto e refletindo como posso ajudar as pessoas em suas jornadas por este mundo, que dependendo do modo de pensar pode ser uma coisa para um e outra coisa para outro.

Fui...................................................................      

Edney Silva