Ontem (31/07/2014) assisti a uma
reportagem no Jornal da Record, se não me falha a memória, com a qual fiquei
perplexo e, um tanto quanto perturbado, a reportagem aduzia ao desmanche e
captura de uma quadrilha na região sul do nosso país, que se especializou em
entregar drogas a domicílio, isto mesmo, uma disque drogas, a exemplo de disque
pizzas, disque frango e por ai vai, mas disque drogas beira ao absurdo. Vale
ressaltar que, a quadrilha fora presa simplesmente numa mansão avaliada em mais
de um milhão de reais, com aparato tecnológico altíssimo, e mobília altamente
sofisticada é, infelizmente traficar drogas dá dinheiro e muito.
Ocorre que, no meio dos
traficantes presos havia o líder e sua esposa, um bonito jovem casal, que não
estavam nenhum pouco preocupados com a prisão, pareciam mais estar curtindo uma
viagem de férias, do que uma privação de liberdade, o rapaz rindo e dizendo a
todo momento e claramente debochado, que estar ali era muito bom, “que tipo de
cadeia é essa tenho oito refeições por dia e sou tratado muito bem....”,
perguntado a sua “digníssima” esposa o que ela achava, ela respondeu rindo,
diga-se de passagem “Isso aqui não é nada, logo vamos sair pela porta da
frente, e estaremos na rua e será tudo como antes, maravilhoso...”. Pasmem, foi
desse jeito, a certeza da impunidade é evidente e clara para eles, não há com o
que se preocupar, e muito menos com quem se preocupar, a liberdade é certa, como
dois mais dois são quatro, me desculpem os operadores do direito, mas nesse
caso a justiça, faz jus ao adágio popular que tanto ouvimos “A justiça é Cega”.
Ridículo isso.
Não se pode permitir esse tipo de
acontecimento, onde criminosos zombam da sociedade e das autoridades constituídas,
que podem não serem perfeitas mais existem e devem ser respeitadas. Conheço
algumas pessoas que demandam pelo fim das Instituições, Governo, Justiça,
Polícia e etc. Mas não consigo conceber tal pensamento, pois penso que isso só será
possível em uma cidade dita perfeita, mas espera ai...., até nas cidades já
imaginadas perfeitas como A República de Platão, A Utopia de Thomas More, A
Cidade do Sol de Tommaso Campanella e outras mais que tive a oportunidade de
ler, não descartam essas Instituições, pois abolir propriedade privada e
compartilhar tudo com todos, não exclui as Instituições, pelo contrário as
fortalece.
Na República de Platão tinham os
Guardiões que governavam a cidade, agora para isso eram preparados a vida toda,
era a visão clássica de Platão sobre o Filósofo-Rei, aquele que têm competência
para governar e governar bem, o que falta muito hoje em dia devo reconhecer.
Tinham também os Guerreiros que protegiam a cidade tanto, de ataques internos,
quantos os externos. Aqui abro uma brecha, para comentar o que pude observar em
algumas manifestações acontecidas recentemente, vi alguns manifestantes com
cartazes do tipo “Fim da Polícia”, “A ditadura acabou, só esqueceram de avisar
a Polícia”, “Livrai-nos da Polícia Militar”, e tantas outras, agora pergunto,
Como acabar com a Polícia, se nem mesmo as cidades imaginadas perfeitas não acabaram?
É irresponsabilidade sugerir tal empreitada,
pois a Polícia é necessária sim, não para ser contra o povo, mas para ser pelo povo
e para o povo, pois é assim que ela é pensada nas utopias, e nem mesmo Thomas
More, que pensou uma cidade totalmente diferente da sociedade atual, imaginou a
sua utopia sem Exército, sem Polícia, a primeira vista parece que sim, mas não é
ele apenas sugeriu que tanto Exército, quanto a Polícia fossem temporárias,
alistadas em tempo de guerra ou perturbação da ordem pública, primeiro os
governantes da utopia iriam alistar pessoas de fora da cidade, os chamados
mercenários, se não os conseguissem, ai alistariam os próprios habitantes da
Utopia, que fariam eles mesmos os serviços do exército e da polícia. Já na
cidade do sol temos três príncipes que auxiliavam um governante máximo e, dentre
esses príncipes um chamado Potência seria o responsável pela arte militar, ou
seja, tinha Exército e Polícia, que lutavam pela manutenção e ordem da cidade.
Assim, nem mesmo as cidades
perfeitas foram imaginadas sem governo ou polícia, e não é porque se é contra a
propriedade privada e pelo direito de igualdade para todos, que não se pode ter
ordem e uma justiça forte. Alguns podem até achar meu ponto de vista
contraditório e paradoxal, mas não é bem assim, cito ainda, Cuba, País que
muitos manifestantes aplaudem como modelo socialista, mas que não aboliram suas
Forças Armadas e sua Polícia, pois trocar de nome não significa abolir, em Cuba
existe as Forças Armadas Revolucionárias Cubanas as chamadas FAR, bem como a Polícia
Nacional Revolucionária – PNR, que foi criada em 5 de janeiro
de 1959,
após o triunfo da revolução, substituindo a chamada "Polícia Rebelde"
e como ela de forte inspiração ideológica, inclusive essa polícia tem várias
viaturas, rádios de comunicação, e usa armamento sim, uma pistola e cassetete, igualzinha
a daqui, e tem até um Batalhão de Elite estilo BOPE, que é chamado de Brigada
Especial Nacional, criada em 8 de agosto de 1980, que tem muitas atribuições,
mais vou citar apenas uma que é “Prevenir ações contra o patrimônio nacional
cubano, evitando a vandalização, roubo ou mutilação”, ou seja, se tivesse tido
em Cuba as manifestações que tiveram ultimamente aqui no Brasil, não quero nem
pensar na ação da Polícia especial cubana, seria muita sola mesmo.
E isso, sem falar em vários
outros países socialistas, que nem por serem ditos sociais, descartaram seus Governos,
suas Forças Armadas e suas Polícias. Assim não vejo razão alguma para se ter
ódio das Instituições como um todo e, querer o seu fim. O problema não é as
Instituições em si, mas os homens que se apoderam delas, portanto, se não
estamos satisfeitos com o modelo atual, nem com as pessoas que ai estão devemos
renová-lo e lutarmos por um mundo melhor e não querer destruí-lo, pois
precisamos de Instituições fortes e sadias para que episódios como o que narrei
acima não se repitam, ao contrário sejam combatidos e que não sirvam de modelos
para os mais novos e inexperientes e, que o Estado de uma forma geral possa dar
a todos Direitos e Deveres iguais, pois Parafraseando Thomas More na já citada
obra Utopia, quando ele diz que, mesmo a Inglaterra de seu tempo punindo os
roubo e assaltos com a morte, não se acabavam os ladrões e nem mesmo a violência,
mas, se ao invés disso para o Estado não seria melhor garantir a subsistência
de todos a fim de que ninguém fosse obrigado a roubar para se manter. No caso
em questão, traficar e outras coisas mais.
Portanto, sou a favor da
continuidade das Instituições, desde que elas mantenham o foco no bem-estar do
Povo, razão maior de sua existência, e possam cada vez mais serem renovadas e
atualizadas, a fim de proporcionarem sempre o melhor para todos, penso que isso
pode ser alcançado, basta cada um fazer a sua parte.