quarta-feira, 30 de julho de 2014

A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA OBRA “A CIDADE DO SOL”, DE TOMMASO CAMPANELLA


Resumo

 Existe uma Filosofia da Educação na Obra A Cidade do Sol, de Tommaso Campanella? Este artigo tem por principal objetivo responder a esta pergunta e comprovar a existência de um Sistema Educacional, sob a ótica da Filosofia da Educação. A Cidade do Sol foi escrita em 1602, pelo filósofo calabrês Tommaso Campanella, partindo da reflexão de obras utópicas, notadamente dos filósofos Platão e Thomas More e suas respectivas obras: A República e Utopia. Tommaso Campanella, procura desenvolver seus estudos até chegar a sua própria utopia, carregada a princípio de um pensamento ainda que totalitário e monástico, mas que por sua vez, procura descortinar novos horizontes ambientados por intermédio de suas críticas, bem como de seus momentos proféticos, que condenavam os males sociais do seu tempo, e de tempos ainda vindouros. A Cidade do Sol é projetada em camadas como um edifício, construído de forma racional e geométrico, com leis e normas gerais de condutas, que beiram ao absurdo, como a determinação aos seus cidadãos, do modo de se vestirem, se alimentarem e até com quem se relacionarem para a perpetuação das futuras gerações. Obra de caráter paradoxal expõe em si, muitos pontos negativos, que levados ao pé da letra, pode-se dizer que foram sementes para o totalitarismo e absolutismo, mas também de outros tantos positivos, entre os quais o valor e a importância do trabalho manual, o incentivo e desenvolvimento das ciências e da arte, a reforma dos sistemas penitenciários de sua época, a intenção ainda que frágil do fim da escravidão, e a disseminação de um sistema educacional obrigatório e igualitário, foco principal deste artigo. Além disso, a leitura da obra proporciona espanto e admiração, quando ficamos sabendo que os habitantes em plena era renascentista, são detentores de uma tecnologia avançada que os permite reproduzir dentro de suas próprias casas fenômenos meteorológicos como, os ventos, as chuvas, o trovão e até o arco-íris, tendo descoberto também a arte de voar e, inclusive descobriram o segredo de renovar a vida, de sete em sete anos e com meios suaves e portentosos, os quais lhes permitem passar dos cem anos e não muito raros até os duzentos anos. Ainda assim, a obra deve ser lida com cuidado e moderação, procurando fazer exatamente o oposto do que o autor nos recomenda, a saber, a criação de um estado totalitário e cheio de regras, quase de ordenanças divinas, que não podiam ser desobedecidas e nem tampouco questionadas. O desafio aqui proposto, é como afirma o adágio popular “dos males o menor”, ou seja, reter apenas o aproveitável e praticável e, descartar o reprovável e impraticável, desta valiosa obra, que superou o tempo, a prisão e a perseguição e chegou até nós.

Palavra-Chave: A Cidade do Sol, Tommaso Campanella, Educação, Utopia, Ensino, Filosofia da Educação.

INTRODUÇÃO

Trata o presente artigo da existência de uma Filosofia da Educação desenvolvida na obra utópica do filósofo e ex-religioso italiano, ainda pouco estudado na comunidade acadêmica, Tommaso Campanella[1], intitulada de A Cidade do Sol, redigida em 1602, a obra disserta sobre uma cidade fictícia, imaginária e ao mesmo tempo utópica, explicada em seus por menores por dois personagens que são o Grão-Mestre dos Hospitálarios[2] e outro um Almirante Genovês, onde os moradores vivem sob uma régia dominação de um monarca supremo, auxiliado por três príncipes, que o ajudam a governar, sempre em concordância com o monarca supremo.
Campanella viveu e desenvolveu suas atividades literárias, poéticas e filosóficas, na transição do século XVI para o século XVII, quando caia por terra o mundo medieval e descortinavam-se os tempos modernos. Foi desse modo, um personagem tipicamente do Renascimento, participou ativamente da passagem da cultura medieval altamente introvertida, que seguia na linha do homem em direção a Deus e, da cultura renascentista um tanto quanto extrovertida, que seguia na linha do homem em direção a natureza.
Possuidor de um espírito inconformista e inovador, Campanella pôs os pés na estrada do mundo ainda muito cedo, logo aos vinte anos, passou por várias cidades da Itália, como Nápoles, Roma, Florença, Bolonha e finalmente terminou seus dias na França, fugindo das implacáveis e terríveis perseguições, que sofria constantemente, acusado de heresias, e de ter os seus conhecimentos atribuídos a ação demoníaca, bem como de ser um revolucionário inveterado. Lia os gregos nos originais, principalmente Platão seu mestre preferido, com quem aprendeu muito das suas convicções filosóficas.
No entanto, Campanella tinha um mestre mais moderno, o filósofo Bernardino Telésio (1482-1534), filósofo da natureza, considerado um dos introdutores dos métodos experimentais na filosofia moderna e científica, conheceu Galileu e tentou incutir-lhe sua filosofia da natureza. Mas Galileu preferiu permanecer em seus estudos científicos, os quais já lhes davam bastantes cuidados frente ao espírito reacionário da Inquisição.
Este artigo está divido em dois principais tópicos, no primeiro momento apresentarei uma visão panorâmica da cidade do sol, sua estrutura, forma de governo e estilo de vida de seus habitantes, no segundo momento discorrerei sobre o sistema educacional dos habitantes solares, onde procurarei demonstrar a existência de uma Filosofia da Educação, bem planejada, organizada e estruturada em etapas educacionais, que proporcionam um melhor aprendizado aos estudantes solares.
A obra é sem sombra de dúvidas utópica e ao mesmo tempo mitológica, uma sociedade perfeita baseada na convivência pacífica, onde todos são possuidores e conhecedores de seus direitos e deveres e, buscam no ideal de amor a pátria em que vivem, uma fórmula para se alcançar a felicidade de todos.

I – VISÃO PANORÂMICA DA CIDADE DO SOL

Conforme relato do Almirante genovês, a Cidade do Sol fica situada numa alta colina, elevada no centro de vastíssima planície, dividida em sete círculos e designados com os nomes dos setes planetas, que se comunicam entre si formando sete extensas e poderosas muralhas, guarnecidas de vários tipos de defesas, a exemplo de torres, fossas e máquinas guerreiras, que juntas tornam a Cidade do Sol, quase que intransponível aos ataques de inimigos.

A cidade foi construída de tal forma que, se alguém em combate, ganhasse o primeiro recinto, precisaria do dobro das forças para superar o segundo, do triplo para o terceiro, e, assim, num contínuo multiplicar de esforços e de trabalhos, para transportar as seguintes. Por essa razão, quem se propusesse expugná-la precisaria recomeçar sete vezes a empresa. Considero porém, humanamente impossível conquistar sequer o primeiro recinto...][3]

A cidade é envolta em ares de religiosidade a começar pelo lugar de destaque do suntuoso templo, erguido no último círculo da muralha de cima para baixo, “No cume no monte, encontra-se, então, uma espaçosa planície, em cujo centro se ergue um templo de maravilhosa construção.”[4], daí as autoridades designadas para o governo da cidade, que são em número de quatro, serem chamadas constantemente de pontífices, vigários e sacerdotes, sendo que o primeiro e principal deles, tem o nome na linguagem dos seus habitantes de Hoh, também chamado de metafísico.
Hoh é regente firme e absoluto da cidade, suas decisões não podem ser contestadas e onde propende sua vontade os demais governantes se inclinam. “Esses três tratam de todas essas coisas em colaboração com o metafísico, sem o qual nada se faz. E assim, a república é governada por quatro, mas, em geral, onde propende a vontade do metafísico, inclinam-se as dos outros.”[5]  Os demais governantes são chamados de Pon, Sin e Mor, nomes que equivalem a Potência, Sapiência e Amor.
Seguirei agora, explicando as atribuições de cada governante. O primeiro a Potência tem em seu governo tudo que se relaciona com a paz e a guerra e, toda sorte da arte chamada militar, comanda aos Magistrados Militares e o Exército solar, lhe compete ainda a vigilância e guarda das munições, das fortificações, das construções e tudo o mais que se relaciona a estas coisas.
O segundo governante a Sapiência, tem como suas atribuições a direção das artes liberais, mecânicas, e de todas as demais ciências, preside ainda os Magistrados, que para os solares são os Astrólogos, Aritméticos, Geômetras e outros, os Doutores, bem como as Escolas de Instruções.
O terceiro governante o Amor, tem como primeira função a geração dos solares, garantindo uma união amorosa entre indivíduos de tal maneira organizados que possam produzir uma excelente prole. Ao Amor ainda compete a direção, da educação das crianças, a arte da farmácia, a semeadura, a colheita dos cereais, das frutas, a agricultura, a pecuária e a preparação das mesas, bem como dos alimentos.
A cidade idealizada por Campanella vive uma vida filosófica, uma verdadeira comunidade onde tudo é repartido e todas as coisas são postas em comum, inclusive as casas, os dormitórios, os leitos e as mulheres, sendo que, de seis em seis meses os magistrados trocam os habitantes dos lugares, evitando assim que se criem sentimentos de propriedade.

Dizem eles que toda espécie de propriedade tem sua origem e força na posse separada e individual das casas, dos filhos, das mulheres. Isso produz o amor-próprio, e cada um trata de enriquecer e aumentar os herdeiros, de maneira que, se é poderoso e temido, defrauda o interesse público, e, se é fraco, se torna avarento, intrigante e hipócrita. Ao contrário, perdido o amor-próprio, fica sempre o amor da comunidade.[6]

A procura e conquista do bem comum é, pois o que assegura a felicidade na comunidade, assim é que, ao mesmo tempo todos são ricos e pobres, são ricos porque tem tudo o que precisam e, são pobres porque não possuem nada, de forma que ninguém pode apropriar-se da parte que cabe ao outro, sendo que ao magistrado incube a função de regular a igual distribuição entre todos, inclusive as tarefas cotidianas, os empregos e até as fadigas, cada cidadão solar não trabalha mais de quatro horas por dia, utilizando o restante do dia aos estudos, à leitura, às discussões científicas, ao escrever, à conversação, aos passeios, em resumo a toda sorte de exercícios agradáveis e úteis a mente e ao corpo. É compartilhando o seu modo de viver comunitário e, selecionando as relações amorosas entre si, que os cidadãos solares vivem uma vida plena e feliz, e alcançam longos anos de vida. “Em geral, vivem cem anos, sendo que não poucos também duzentos.”[7]

II – A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA CIDADE DO SOL

A educação na cidade idealizada por Campanella se concretiza desde o início em função do trabalho, sendo dada a todos, homens e mulheres, de forma igual e universal. “Todos, sem distinção, são educados juntos em todas as artes.”[8]. Dois governantes são designados para gerenciarem a educação, Sapiência e o Amor, que acredito ser uma divisão em educação básica e superior.
Vou agora defender a afirmação acima, sobre a divisão da educação em básica e superior. Sendo o Amor responsável pela geração selecionada dos habitantes solares, é ele que dá o primeiro passo na direção da educação básica das crianças.

De acordo, com os costumes dos antigos espartanos, tanto os homens como as mulheres aparecem nus nos exercícios ginásticos, de forma que os preceptores têm a possibilidade de descobrir os que são capazes ou incapazes para a geração, podendo determinar ainda qual o homem mais conveniente  a determinada mulher, segundo as respectivas proporções corporais. A união marital se realiza cada terceira noite e depois que os geradores estão bem lavados. Uma mulher grande e bela se une a um homem robusto e apaixonado, uma gorda a um magro, uma magra a um gordo, e assim, com sábio e vantajoso cruzamento, moderam-se todos os excessos.[9]

Após a concepção as geratrizes amamentam e assistem os recém-nascidos em quartos comuns, por dois ou mais anos, segundo as orientações do Metafísico, depois disso, as meninas são entregues às mestras e os meninos aos mestres. Igualmente o filósofo Platão em sua obra A República, para Campanella, também não existe o conceito de família, as crianças passam após o período da amamentação a pertencerem ao Estado e são educadas por ele.
Inicia-se assim, como uma forma de diversão suas lições teóricas e práticas. “Começam, então, quase que como um divertimento, a aprender o alfabeto, a explicar as pinturas, a exercitar-se na corrida, na luta, e depois a estudar as histórias expostas pelas pinturas e as diferentes línguas.”[10] Isso se dá aos alunos até a idade de seis anos, onde todos são obrigados a vestirem uma elegante roupa multicolorida. Após essa idade, iniciam os estudos das ciências naturais, e conforme julgam os mestres e mestras, outras ciências são introduzidas e, por fim são apresentados as ciências mecânicas.
Essa educação inicial dada pelo governante Amor estende-se até a idade de vinte e um anos, quando todos ainda são considerados filhos, após essa idade são chamados de pais e passam a receber uma educação superior, agora, gerenciada pelo governante Sapiência. “Todos os contemporâneos se chamam irmãos, adquirem o nome de pais depois da idade de vinte e um anos, e, antes dessa idade, dizem-se filhos...”[11], lembrando ainda que, a educação solar mostra-se solícita ao sistema ensino e trabalho e que antes de chegarem a maioridade os alunos aprendem e trabalham, “...mas o serviço das mesas competem aos meninos, bem como as meninas que ainda não completaram vinte anos.”[12]
Agora defenderei a educação dada pelo governante Sapiência, como uma educação superior. A princípio está educação começa quando os solares adentram a maioridade, conforme explicado no parágrafo anterior, e passam a freqüentar a Escola de Instrução, nessas escolas são formados os mais diversos mestres, que futuramente serão chamados de magistrados e, desempenharão funções de Astrólogos, Cosmográfos, Aritméticos, Geômetras, Históriografos, Poetas, Lógicos, Retóricos, Gramáticos, Médicos, Fisiólogos, Políticos, Moralistas e tantos outros.
Na Escola de Instrução, os alunos só podem ler um único livro chamado de Saber, que contém toda a ciência que precisam conhecer. “...havendo para eles um único livro chamado Saber, no qual, com maravilhosa concisão e clareza, estão inscritas todas as ciências.”[13]. Campanella nos faz entender que esta educação superior, não permite descanso algum aos seus alunos, antes de se tornarem doutores. Pois todos igualmente têm que aprender o ofício do trabalho. “Antes de se tornarem doutores, não lhes é concedido repouso algum: depois do estudo, vão para o campo, onde se exercitam em corrida, arco, lança, arcabuz, caça, ou em Botânica, Mineralogia, Agricultura, Pecuária.”[14]
Em ambas as fases da educação solar, tanto a básica como a superior, não existem salas de aulas, os alunos aprendem sempre com seus mestres ao ar livre e passeando nos átrios e muralhas da cidade as quais possuem gravuras em toda a sua extensão, dessa forma as crianças aprendem as ciências se divertindo. “Há professores que explicam essas gravuras, habituando as crianças com menos de dez anos a aprender sem fadiga,[15] como uma espécie de divertimento, todas as ciências, mas tudo pelo método histórico.” Já na fase da educação superior, os solares se dedicam inteiramente aos estudos e aulas de campo, pois todos sem exceção têm que aprender as artes militares, agricultura e pecuária. “...eles tem em comum a arte, militar,a agricultura, e a pecuária...de forma que quem exerce maior número é considerado possuidor de maior nobreza,e quem chegou a maior nobreza e a maior perfeição em alguma delas, é eleito mestre.”[16]
 

A Filosofia como ramo do conhecimento científico, possui várias ramificações, como Filosofia do Direito, Filosofia da Arte, Filosofia da História e outras mais. O artigo em questão estuda a obra A Cidade do Sol, sob o prisma da Filosofia da Educação, que é o ramo da filosofia que se propõe a pensar e refletir sobre as maneiras e processo pedagógicos, utilizados no ensino aprendizagem dos estudantes.
Campanella desenvolveu sua obra filosófica, abordando uma cidade perfeita, com um ideal de vida senão o melhor, mas o mais viável para se alcançar a felicidade no mundo existente, no mundo real e verdadeiro, ou não é assim que pensam os que se propõem a apresentar novas leis, que consideram boas e perfeitas, para as pessoas seguirem, pois não se imagina que todos a seguirão, mas sim que, quem as observa tornar-se-ão pessoas melhores e mais felizes.
Posto que seja assim, Campanella apresenta uma estrutura complexa e detalhada da Cidade do Sol, pois não era seu objetivo se aprofundar em um assunto somente, mas apresentá-la como um todo planejado, mas não tão bem organizado. Por isso, se faz necessário extrair de seu pensamento a sua Filosofia da Educação, que como vimos é um sistema educacional extenso que dura quase que a vida toda, dividido entre dois, dos seus três príncipes regentes, Sapiência e Amor, que como forma de aprimorar ainda mais a educação, penso que a subdividiram em duas etapas, que chamo de educação básica e superior, cada uma com seu método próprio e processo pedagógico diferentes entre si, mas com o mesmo objetivo, ou seja, uma educação para a vida, para a tarefa, para o trabalho.
Devemos ter sempre em mente que, para Campanella uma cidade só alcançará a perfeição, quando seus habitantes renunciarem a causa própria, a qual ele chama de amor-próprio e, aumentarem o amor pelo interesse público, que ele chama de amor da comunidade. Para Campanella, a educação serve como ponte, onde de um lado está o particular, o indivíduo, o amor-próprio, e do outro lado, o universal, o público, o amor pela comunidade, portanto, todos os habitantes solares são obrigados por intermédio da educação a atravessarem a ponte e tornarem-se cidadãos felizes e satisfeitos consigo mesmo e com a comunidade a quem pertencem.
Dessa forma, entendo que a Filosofia da Educação na Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, existe e, é baseada em função do trabalho, uma educação de utilidade, onde todos de uma forma ou de outra, deverão contribuir para o bem comum da cidade, onde tudo é de todos e, ao mesmo tempo nada é de ninguém, pois tudo pertence à comunidade. Penso que esta educação solar difere em muito de nosso modelo de educação moderna brasileira, por duas razões que julgo principais, primeira falta de oportunidades iguais no processo de ensino aprendizagem, onde podemos observar claramente, que nem todos têm o direito de estudar, de aprender, pois o Estado brasileiro não cumpre com sua obrigação de garantir estudo a todos e quando garante muitas vezes é um ensino de padrões baixo, por isso a proliferação constante de mais e mais Escolas particulares por todo o País. A segunda razão é o estímulo ao egocêntrico, onde os alunos desde a mais tenra idade são convencionados ao individualismo, egoísmo puro, não compartilham nada e estudam apenas para o seu benefício próprio, ou seja, estudam para crescerem como pessoas particulares e não como cidadãos inseridos em uma comunidade e, responsáveis pela felicidade de todos.
A Cidade do Sol é uma cidade projetada para a perfeição, um verdadeiro sonho a ser sonhado, talvez esteja distante de nossa realidade moderna, mas que, a idéia do sol, seja que os seus raios iluminam a todos sem distinção alguma, ou acepção de pessoa. Penso que este seja o legado de Campanella para as gerações futuras, uma cidade onde todos possam ser alcançados pelos raios dos direitos e deveres e, assim possam viver felizes e alegres, como o Sol que a todos ilumina.          


CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol. Trad. Aristides Lobo, Editora Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1978.  
PLATÃO. A República. Coleção Obra-Prima de Cada Autor. Editora Martin Claret, 2ª Edição, São Paulo, 2008.
MORE, Thomas. A Utopia. Coleção Os Pensadores, Editora Nova Cultural. São Paulo, 1997.
MONTEIRO, Regina Maria Carpentieri. Dissertação: A Filosofia do Direito em a Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, 2013.



Notas e Citações

[1] Campanella nasceu em Stilo, em 05 de setembro de 1568 e morreu em 21 de maio de 1639, em Paris. Batizado na Igreja de São Biaggio com o nome de Giovanni Domenico, Campanella era filho de Geronimo Martello, um sapateiro analfabeto de poucos recursos, e de Catarina Martello, que morreu antes do filho completar cinco anos de idade. Ao entrar para a Ordem Dominica, o noviço escolheu o nome de Tommaso em homenagem a São Tomás de Aquino, o sobrenome Campanella, o sino, era apelido de seus bisavôs. (Dissertação: A Filosofia do Direito em a Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, Regina Maria Carpentieri Monteiro).  Sua primeira obra foi a Philosophia Sensibus Demonstrata, que lhe valeu a acusação de heresia. Tendo deixado o convento em que iniciara seus estudos, empreendeu uma viagem pela Itália, através da qual ficou conhecendo os homens mais ilustres do seu tempo. Voltando a Stilo e sempre preocupado em operar uma reforma que servisse para enfraquecer o domínio da autoridade, Campanella iniciou uma atividade política tentando organizar uma conspiração contra o despotismo espanhol. Isso o levou ao cárcere, onde permaneceu por vinte e sete anos. Libertado em 1626, seguiu para Roma, onde foi bem recebido pelo Papa Urbano VIII. Logo, porém, tornou-se alvo de novos ataques e, perseguido, foi obrigado a fugir para a França, onde foi recebido por Luiz XIII e pelo Cardeau Richelieu. (CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol. Tradução de Aristides Lobo. Livraria Edições de Ouro). Campanella deixou uma obra vasta que abrange vários tópicos: gramática, retórica, filosofia, teologia, política, medicina etc. Segundo Campanella as ciências tratam das coisas como elas são, cabendo a filosofia e especialmente a metafísica explicar as coisas em seu sentido mais profundo. Entre suas obras destacam-se: Philosophia sensibulus demonstrata -Nápoles, 1591; Del senso delle cose e della magia - Bari, 1620; Apologia pro Galileo, mathematico Florentino - Frankfurt, 1622; Atheismus triumphatus - Paris, 1631; Monarchia messiae - Jesi, 1633; Disputationum in quator partes suae philosophia reales libri quator - Paris, 1637; Epilogo magno; Theologicorum libri XXX. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tommaso_Campanella, acessada em 11 de julho de 2014).
[2]  Ordem religiosa baseada no serviço hospitalar. (Nota do Tradutor da Obra).
[3] CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol, Edições de Ouro. p 26.
[4] Idem. p 29.
[5] Idem. p 37.
[6] Idem. p 38.
[7] Idem. p 79.
[8] Idem. p 40.
[9] Idem. p 52.
[10] Idem. p 55.
[11] Idem. p 39.
[12] Idem. p 47.
[13] Idem. p 32.
[14] Idem. p 46
[15] Idem. p 36.
[16] Idem; p 73.

Autor: Edney de Oliveira da Silva.