segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SEMELHANTES E NÃO SEMELHANTES

"Prefiro que não gostem de mim pelo que eu sou, do que gostem de mim pelo que não sou"
                                                                                                                       Edney Silva.

AVISO: O texto abaixo contém elementos filosóficos e cotidianos, real e imaginário, complexos e simplórios, pois entendo que uma reflexão, deva pautar-se tanto no mundo real, quanto no mundo virtual, porém se você não quizer prosseguir, resumirei pra você: "Feliz Natal e Próspero Ano Novo, é o que lhe desejo de todo o meu coração". Mas se quizeres prosseguir, das duas uma, ou ficarás decepcionado com os meus desvaneios interiores e, poderás repreender-me, ou concordarás e refletindo sobre o assunto acrescentarás ao texto, aquilo de que ainda não pensei, de qualquer forma contribuirei contigo, assim desejo-te uma boa leitura.    
 
Bom dia a todos, mais uma vez apresento a vocês alguns pensamentos que povoam meu subconsciente sem nexo algum, mas que são organizados e transmitidos pelo meu consciente, uma mistura de Nietzche com Sigmund Freud, se é que eu entendi alguma coisa do que esses caras disseram,  kkkkkkkkk meio isso.

Bom, primeiro, sempre pensei da vida que, em qualquer circunstância a gente devesse ser sempre sincero, ledo engano meu. Já dizia Rousseau, "O homem nasce bom, porém a sociedade o corrompe". "o homem nasce livre, mas em toda parte é posto a ferros", ou seja, nunca dizemos o que queremos e, nunca somos quem queremos ser, não preciso dizer mais nada. Pois é, vamos continuar,  penso que escrever seja algo bom, apesar de reconhecer que certas pessoas, quase que expelem pelos dedos verdadeiras nauseas, para não escrever outra coisa, em respeito a você é claro.

Todas as pessoas são por natureza misteriosas, cabe assim a quem deseja conhecer, achar a chave certa para abertura da porta dessa verdadeira cidade murada e adentrar no mundo de cada pessoa, o que é preciso reconhecer e respeitar são as particularidades de cada um. Esse é um erro comum, cometido por quase todos nós, é preciso conhecer as "semelhanças", mas de outro modo também, é preciso entender as "não semelhanças". Entendo semelhante de três maneiras: 1. Coisas que têm os mesmos atributos em todos os aspectos; 2. Coisas que têm mais atributos idênticos do que diferentes e 3. Coisas cuja qualidade é una. E as não semelhantes, são as coisas opostas as três maneiras do semelhante. Assim, colocando esses fatores na balança a amizade tende a dar muito certo. Calma vou descomplicar o negócio, tenha paciência e continue, veja, já estou usando parágrafos mais curtos e bem suscintos e, vou dar um exemplo simplório, mas cheio de significado, rsrsrsrsrsrs.

Dentre todos os personagems fictícios do mundo dos quadrinhos, escolhi um, que se não é o meu preferido, é um dos que mais gosto para servi de exemplo, a fim de ilustrar o que estou tentando escrever, seu nome é James Howlett, nascido no Canadá, em ano incerto, pois sua incrível habilidade mutante (fator de cura), retarda o seu envelhecimento, dificultando assim a determinação de sua idade, pois é, estou falando do famoso Logan, ou mais conhecido Wolverine, muitos que estão recebendo este e-mail o conhecem, mas acho que outros não, nada que qualquer pesquisa na intenet não resolva!!!!!, porém continuemos, num próximo parágrafo é claro.

Wolverine é um mutante submetido a experiências militares que o transformaram em uma verdadeira máquina de guerra animalesca, um homem sem memória, agindo única e exclusivamente pelo instinto animal no sentido irracional de ser, esses são os mistérios de sua vida, assim não tem nada de atraente, estatura baixa, aparência carrancuda e semblante fechado, esse é o cara que todos veem, sua aparência. No entanto, acompanhando sua trajetória nos X-MEN, percebemos que ele passa de garoto-problema a tutor e consciência do grupo.       

TERMINO O RESTO AMANHÃ

   



esvendar o mistério 



 uma arte maravilhosa, colocar no papel aquilo que se pensa e transm



penso em escrever um pouco de sobre





também sempre pensei que






 se me permitem, gostaria de        


 nietzsche

não poderia neste mês tão especial, deixar de dar o meu mais sincero abraço a todos os meus amigos e amigas   

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Propostas-Múmias

Hoje pela manhã seguia eu meu caminho para o meu trabalho, estava escutando a propaganda eleitoral gratuita, que ao meu ver mais parece uma repetição das mesma propostas apresentadas não a quatro anos atrás, mais a vários e vários anos. Me parece mesmos que os candidatos atuais, estão nos apresentados propostas-múmias, você sabe o que é uma múmia não é? Pois bem, em termos simples, múmia é um cadáver envolto em tiras brancas que não sei como são despertos da morte, porém continuam mortos, vê se pode isso! 

Assim são a maioria das propostas apresentadas por certos candidatos, estão oferecendo propostas-múmias, ou seja, nada de novo, nada de vivo, são só propostas mortas, na verdade semi-mortas, vazias sem nexo algum e, que se estão ainda por ai, a culpa não é nossa, mas deles mesmos que a cada ano eleitoral, resolvem levantar as mesmas questões, como mais segurança, mais saúde, mais educação e por ai vai, como se essas questões fossem coisas novas, problemas novos. Meu Deus, a quanto tempo sofremos sem segurança, sem saúde, sem educação, sem nada, e todo ano eleitoral eles vêm com essa mesmas ladainha, propostas-múmias, não dá mais para suportar.   

Não consigo conceber e nem tampouco acreditar que, todo mundo (candidatos) agora saiba resolver os problemas do mundo todo (eleitores), e que depois da eleição, ninguém mais saiba resolver nada, deve ser problema de amnésia, coitados vamos fazer uma campanha para angariar dinheiro e pagar um bom profissional da medicina a fim de tratar a amnésia de quem venha a ganhar a eleição, kkkkkkkkkkkkkkk, talvez só assim e somente assim, as propostas-múmias deixem de ser múmias e transformem-se em realidades, e nas próximas eleições talvez tenhamos propagandas eleitorais que tratem realmente de problemas sérios e de interesse do povo.

Há ia esquecendo, enquanto estamos nesse período,aproveite para falar de modo coloquial e até mesmo apertar as mãos ou um tapinha nas costas dos candidatos, lógicos se você quiser é claro, por que depois do dia 05 de outubro, falar só se você o chamar de excelência, aperto de mãos ou tapinha nas costas nem pensar, terá muito segurança para lhe impedir de chegar perto quanto mais fazer tudo isso, então se quiser aproveite enquanto é tempo.


Fui.....................................................................................................


Edney Silva

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Eleições

Em toda eleição fico pensando como as pessoas comuns, que vivem suas vidas simples e cotidianas, transformam-se de uma hora para outra, em pessoas tão importantes, de anônimos a supere star, uma verdadeira mudança drástica como que da água para o vinho e, o melhor de tudo não precisa de milagre para isso acontecer.

Nós povo simples outrora interpretando um papel secundário, passamos a interpretar agora o papel principal, de coadjuvantes a protagonistas em poucos meses, é o máximo não é? Agora merecemos ser ouvidos e o mais importante atendidos, olha que mudança! Podemos expressar nossas opiniões sem medo de sermos rechaçados, ameaçados, e coisa e tal, podemos até falar e seremos ouvidos, chá de cadeira em gabinete de alguma autoridade ou repartição pública é coisa do passado, é bem assim, agora o atendimento é quase que instantâneo, chegou, falou, ouvido e atendido, rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr, que bom se fosse sempre assim, opsssss, mais é para ser sempre assim, pois isso não é, e nunca foi um favor, é sim um direito nosso.

Somos agora o centro das atenções, disputados a toda força, e por uma linha bem tênue não se chega às vias de fato, e tudo isso repito, por minha e tua causa. Acusações são proferidas aos quatro cantos do nosso país, algumas sem fundamento e, outras com provas bem contundentes, algumas perturbarão a poucos é bem verdade, mas todas se transformarão em pizza, disso tenho certeza. Mas deixando isso de lado, podemos nos sentir pessoas importantes, porque realmente somos pessoas importantes e não é porque é período de eleição não, somos importantes porque somos gente, somos povo, somos humanos e temos o poder de escolha, agora o que acho é que poucas são as opções verdadeiras e dignas de nossas considerações, mas vamos enfrente.

De uma coisa eu sei o dia cinco de outubro está chegando e ai eu pergunto, vamos retornar a situação anterior de seres que não representam nada, insignificantes e, que só têm valor em períodos de eleição, a cada dois anos, pois é isso que acontece, terminadas as eleições, terminam também as gentilezas e obrigações, pensam eles. Sinceramente não podemos aceitar que haja esse retorno, que essa condição se repita ano após anos, é hora de avançarmos na direção certa, pois como disse Abraham Lincoln, num discurso na Câmera dos Deputados, em 12 de janeiro de 1848: “Qualquer povo, em qualquer parte, tendo o desejo e o poder, tem o direito de levantar-se e derrubar o governo existente e formar um novo, que lhe seja melhor. É um direito valioso e sagrado, um direito que, acreditamos e esperamos, venha a libertar o mundo. Penso que temos desejo e poder para mudarmos essa situação de escândalos e corrupções que assolam o nosso país, utilizemos a nossa arma, ou seja, o nosso voto, pelo menos por enquanto, para construirmos um país melhor e mais justo. Parafraseando o filósofo Karl Marx, “Eleitores de todo o País, uni-vos!”


A mudança maior tem que começar em nós e por nós “Povo”, a hora é chegada, e o tempo é este, não podemos recuar, escolhamos, pois os melhores, para que no futuro não tenhamos arrependimento, vote em quem apresenta ideias e propostas e não em quem vive acusando e sendo acusado, estes não têm o que oferecer e, para terminar sabe por que o Dick Vigarista, personagem de desenho animado da “Corrida Maluca” nunca ganha a corrida? É porque ele perde tempo tentando prejudicar os outros concorrentes, ao invés de acelerar seu carro e vencer, assim, não perca tempo com pessoas que ficam se digladiando, pois estes tanto enganam, como são enganados.  Vote consciente.

Edney Silva

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Felicidade...........................................


Considero a observação uma arte que infelizmente poucas pessoas possuem, vivemos tempos agitados, velozes e imediatistas, em que tudo tem que ser feito na hora, na lata como se diz no popular, porém mesmo nesses tempos assim modernos, uma hora vamos ter de parar, seja para olhar e perceber as coisas ao nosso redor, seja para pensar sobre elas, seja para refletir e descobrir coisas até então ocultas ao nosso entendimento ou simplesmente para repousar, esse aqui é bom não é?

Pois bem, todos os dias faço praticamente o mesmo percurso até chegar ao meu trabalho, só em raras exceções mudo o caminho, a exemplo de engarrafamentos, batidas e coisas mais, fora isso, sigo meu percurso como de costume. Mas hoje percebi algumas ações que aguçaram minha atenção e imaginação, passei por várias mães que levavam seus filhos ao colégio, olhei mais atentamente e pude perceber quão grande afeto existia entre ambos, filhos e mães de mãos dadas seguiam alegres e felizes, esse sentimento maravilhoso de ter alguém ao seu lado, que se pode confiar, mesmo nas horas mais periclitantes da vida, certo é que, eram mães bem frágeis, franzinas, mas que seguravam seus filhos com uma força interior impossível de ser descrita em palavras, AMOR DE MÃE.  

Penso ser momentos como estes que os filhos não querem que acabem nunca, que produzem felicidade, assim, quanto mais longínqua estiver a escola melhor, kkkkkkk. Na filosofia grega existe uma palavra “Eudaimonia” que é comumente traduzida por felicidade ou bem-estar, que ilustra bem esse momento que estou a transmitir. Para o filósofo Aristóteles felicidade é um princípio, é o gênio de nossas motivações, ou seja, a felicidade é aquilo que nos motiva, que nos faz viver com alegria, trocando em miúdos, felicidade é fazer aquilo que se gosta, são momentos que a gente não quer que acabe nunca, mas que permaneçam para sempre.

Recentemente assisti no you tub, uma palestra do ator e comediante americano Jim Carrey, intitulada “discurso inspirador Jim Carrey”, em que ele fala para os formando de 2014 de uma Universidade nos Estados Unidos, dentre as muitas ideias exposta por ele, uma me deixou curioso, vou tentar expor: “Meu pai poderia ter sido um grande comediante, mas ele não acreditava que aquilo era possível para ele. Então ele fez uma escolha conservadora. No lugar disto, ele pegou um emprego seguro como contador, e quando eu tinha 12 anos de idade ele foi mandado embora desse emprego. E nossa família teve que fazer o que pôde para sobreviver. Eu aprendi muitas lições como meu pai. Uma delas é que você pode falhar, fazendo o que você não gosta. Então, porque você não se dá uma chance de fazer o que você ama?

Deixo essa pergunta para você responder para si mesmo. Se felicidade são momentos que queremos que sejam eternos, simplesmente porque estamos fazendo o que gostamos, então vamos nos dar uma chance de sermos felizes, fazendo aquilo de que gostamos. Quantas pessoas estão ganhando rios de dinheiro trabalhando naquilo em que não gostam, não tem felicidade alguma, vivem uma vida sem perspectiva, sem vontade, sem motivação. Um amigo meu de onde trabalho, que nunca leu um livro de filosofia, nem sabe da existência da palavra eudaimonia, mas que sempre me disse, se o que nos faz feliz é vender frutas nas ruas, então vamos vender frutas nas ruas, porque felicidade tem a ver com o que gostamos de fazer e não com o que ganhamos, fazendo o que não gostamos, adoro a sabedoria popular, por isso gosto de observar tudo ao meu redor, aprendizado puro.

Como hoje fazem 51 anos do discurso de Martin Luther King Jr. Conhecido popularmente como “I Have a Dream”, ou, “Eu tenho um sonho”, onde ele discursa contra o racismo de sua época nos EUA, eu também tenho um sonho, onde as pessoas possam viver livres e felizes em plena harmonia, sendo e fazendo aquilo de que gostam. Pura felicidade. Talvez eu seja um sonhador, mas eu não sou o único, acredite, sonhe este sonho também. Vou parar por aqui, não desejo me estender mais, pois acho que já me fiz entender, agora é contigo, continuar ou não continuar esta reflexão.

Até breve...................................................
   

Edney de Oliveira da Silva

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cidades Utópicas

Ontem (31/07/2014) assisti a uma reportagem no Jornal da Record, se não me falha a memória, com a qual fiquei perplexo e, um tanto quanto perturbado, a reportagem aduzia ao desmanche e captura de uma quadrilha na região sul do nosso país, que se especializou em entregar drogas a domicílio, isto mesmo, uma disque drogas, a exemplo de disque pizzas, disque frango e por ai vai, mas disque drogas beira ao absurdo. Vale ressaltar que, a quadrilha fora presa simplesmente numa mansão avaliada em mais de um milhão de reais, com aparato tecnológico altíssimo, e mobília altamente sofisticada é, infelizmente traficar drogas dá dinheiro e muito.

Ocorre que, no meio dos traficantes presos havia o líder e sua esposa, um bonito jovem casal, que não estavam nenhum pouco preocupados com a prisão, pareciam mais estar curtindo uma viagem de férias, do que uma privação de liberdade, o rapaz rindo e dizendo a todo momento e claramente debochado, que estar ali era muito bom, “que tipo de cadeia é essa tenho oito refeições por dia e sou tratado muito bem....”, perguntado a sua “digníssima” esposa o que ela achava, ela respondeu rindo, diga-se de passagem “Isso aqui não é nada, logo vamos sair pela porta da frente, e estaremos na rua e será tudo como antes, maravilhoso...”. Pasmem, foi desse jeito, a certeza da impunidade é evidente e clara para eles, não há com o que se preocupar, e muito menos com quem se preocupar, a liberdade é certa, como dois mais dois são quatro, me desculpem os operadores do direito, mas nesse caso a justiça, faz jus ao adágio popular que tanto ouvimos “A justiça é Cega”. Ridículo isso.

Não se pode permitir esse tipo de acontecimento, onde criminosos zombam da sociedade e das autoridades constituídas, que podem não serem perfeitas mais existem e devem ser respeitadas. Conheço algumas pessoas que demandam pelo fim das Instituições, Governo, Justiça, Polícia e etc. Mas não consigo conceber tal pensamento, pois penso que isso só será possível em uma cidade dita perfeita, mas espera ai...., até nas cidades já imaginadas perfeitas como A República de Platão, A Utopia de Thomas More, A Cidade do Sol de Tommaso Campanella e outras mais que tive a oportunidade de ler, não descartam essas Instituições, pois abolir propriedade privada e compartilhar tudo com todos, não exclui as Instituições, pelo contrário as fortalece.

Na República de Platão tinham os Guardiões que governavam a cidade, agora para isso eram preparados a vida toda, era a visão clássica de Platão sobre o Filósofo-Rei, aquele que têm competência para governar e governar bem, o que falta muito hoje em dia devo reconhecer. Tinham também os Guerreiros que protegiam a cidade tanto, de ataques internos, quantos os externos. Aqui abro uma brecha, para comentar o que pude observar em algumas manifestações acontecidas recentemente, vi alguns manifestantes com cartazes do tipo “Fim da Polícia”, “A ditadura acabou, só esqueceram de avisar a Polícia”, “Livrai-nos da Polícia Militar”, e tantas outras, agora pergunto, Como acabar com a Polícia, se nem mesmo as cidades imaginadas perfeitas não acabaram?  É irresponsabilidade sugerir tal empreitada, pois a Polícia é necessária sim, não para ser contra o povo, mas para ser pelo povo e para o povo, pois é assim que ela é pensada nas utopias, e nem mesmo Thomas More, que pensou uma cidade totalmente diferente da sociedade atual, imaginou a sua utopia sem Exército, sem Polícia, a primeira vista parece que sim, mas não é ele apenas sugeriu que tanto Exército, quanto a Polícia fossem temporárias, alistadas em tempo de guerra ou perturbação da ordem pública, primeiro os governantes da utopia iriam alistar pessoas de fora da cidade, os chamados mercenários, se não os conseguissem, ai alistariam os próprios habitantes da Utopia, que fariam eles mesmos os serviços do exército e da polícia. Já na cidade do sol temos três príncipes que auxiliavam um governante máximo e, dentre esses príncipes um chamado Potência seria o responsável pela arte militar, ou seja, tinha Exército e Polícia, que lutavam pela manutenção e ordem da cidade.

Assim, nem mesmo as cidades perfeitas foram imaginadas sem governo ou polícia, e não é porque se é contra a propriedade privada e pelo direito de igualdade para todos, que não se pode ter ordem e uma justiça forte. Alguns podem até achar meu ponto de vista contraditório e paradoxal, mas não é bem assim, cito ainda, Cuba, País que muitos manifestantes aplaudem como modelo socialista, mas que não aboliram suas Forças Armadas e sua Polícia, pois trocar de nome não significa abolir, em Cuba existe as Forças Armadas Revolucionárias Cubanas as chamadas FAR, bem como a Polícia Nacional Revolucionária – PNR, que foi criada em 5 de janeiro de 1959, após o triunfo da revolução, substituindo a chamada "Polícia Rebelde" e como ela de forte inspiração ideológica, inclusive essa polícia tem várias viaturas, rádios de comunicação, e usa armamento sim, uma pistola e cassetete, igualzinha a daqui, e tem até um Batalhão de Elite estilo BOPE, que é chamado de Brigada Especial Nacional, criada em 8 de agosto de 1980, que tem muitas atribuições, mais vou citar apenas uma que é “Prevenir ações contra o patrimônio nacional cubano, evitando a vandalização, roubo ou mutilação”, ou seja, se tivesse tido em Cuba as manifestações que tiveram ultimamente aqui no Brasil, não quero nem pensar na ação da Polícia especial cubana, seria muita sola mesmo.

E isso, sem falar em vários outros países socialistas, que nem por serem ditos sociais, descartaram seus Governos, suas Forças Armadas e suas Polícias. Assim não vejo razão alguma para se ter ódio das Instituições como um todo e, querer o seu fim. O problema não é as Instituições em si, mas os homens que se apoderam delas, portanto, se não estamos satisfeitos com o modelo atual, nem com as pessoas que ai estão devemos renová-lo e lutarmos por um mundo melhor e não querer destruí-lo, pois precisamos de Instituições fortes e sadias para que episódios como o que narrei acima não se repitam, ao contrário sejam combatidos e que não sirvam de modelos para os mais novos e inexperientes e, que o Estado de uma forma geral possa dar a todos Direitos e Deveres iguais, pois Parafraseando Thomas More na já citada obra Utopia, quando ele diz que, mesmo a Inglaterra de seu tempo punindo os roubo e assaltos com a morte, não se acabavam os ladrões e nem mesmo a violência, mas, se ao invés disso para o Estado não seria melhor garantir a subsistência de todos a fim de que ninguém fosse obrigado a roubar para se manter. No caso em questão, traficar e outras coisas mais.

Portanto, sou a favor da continuidade das Instituições, desde que elas mantenham o foco no bem-estar do Povo, razão maior de sua existência, e possam cada vez mais serem renovadas e atualizadas, a fim de proporcionarem sempre o melhor para todos, penso que isso pode ser alcançado, basta cada um fazer a sua parte.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA OBRA “A CIDADE DO SOL”, DE TOMMASO CAMPANELLA


Resumo

 Existe uma Filosofia da Educação na Obra A Cidade do Sol, de Tommaso Campanella? Este artigo tem por principal objetivo responder a esta pergunta e comprovar a existência de um Sistema Educacional, sob a ótica da Filosofia da Educação. A Cidade do Sol foi escrita em 1602, pelo filósofo calabrês Tommaso Campanella, partindo da reflexão de obras utópicas, notadamente dos filósofos Platão e Thomas More e suas respectivas obras: A República e Utopia. Tommaso Campanella, procura desenvolver seus estudos até chegar a sua própria utopia, carregada a princípio de um pensamento ainda que totalitário e monástico, mas que por sua vez, procura descortinar novos horizontes ambientados por intermédio de suas críticas, bem como de seus momentos proféticos, que condenavam os males sociais do seu tempo, e de tempos ainda vindouros. A Cidade do Sol é projetada em camadas como um edifício, construído de forma racional e geométrico, com leis e normas gerais de condutas, que beiram ao absurdo, como a determinação aos seus cidadãos, do modo de se vestirem, se alimentarem e até com quem se relacionarem para a perpetuação das futuras gerações. Obra de caráter paradoxal expõe em si, muitos pontos negativos, que levados ao pé da letra, pode-se dizer que foram sementes para o totalitarismo e absolutismo, mas também de outros tantos positivos, entre os quais o valor e a importância do trabalho manual, o incentivo e desenvolvimento das ciências e da arte, a reforma dos sistemas penitenciários de sua época, a intenção ainda que frágil do fim da escravidão, e a disseminação de um sistema educacional obrigatório e igualitário, foco principal deste artigo. Além disso, a leitura da obra proporciona espanto e admiração, quando ficamos sabendo que os habitantes em plena era renascentista, são detentores de uma tecnologia avançada que os permite reproduzir dentro de suas próprias casas fenômenos meteorológicos como, os ventos, as chuvas, o trovão e até o arco-íris, tendo descoberto também a arte de voar e, inclusive descobriram o segredo de renovar a vida, de sete em sete anos e com meios suaves e portentosos, os quais lhes permitem passar dos cem anos e não muito raros até os duzentos anos. Ainda assim, a obra deve ser lida com cuidado e moderação, procurando fazer exatamente o oposto do que o autor nos recomenda, a saber, a criação de um estado totalitário e cheio de regras, quase de ordenanças divinas, que não podiam ser desobedecidas e nem tampouco questionadas. O desafio aqui proposto, é como afirma o adágio popular “dos males o menor”, ou seja, reter apenas o aproveitável e praticável e, descartar o reprovável e impraticável, desta valiosa obra, que superou o tempo, a prisão e a perseguição e chegou até nós.

Palavra-Chave: A Cidade do Sol, Tommaso Campanella, Educação, Utopia, Ensino, Filosofia da Educação.

INTRODUÇÃO

Trata o presente artigo da existência de uma Filosofia da Educação desenvolvida na obra utópica do filósofo e ex-religioso italiano, ainda pouco estudado na comunidade acadêmica, Tommaso Campanella[1], intitulada de A Cidade do Sol, redigida em 1602, a obra disserta sobre uma cidade fictícia, imaginária e ao mesmo tempo utópica, explicada em seus por menores por dois personagens que são o Grão-Mestre dos Hospitálarios[2] e outro um Almirante Genovês, onde os moradores vivem sob uma régia dominação de um monarca supremo, auxiliado por três príncipes, que o ajudam a governar, sempre em concordância com o monarca supremo.
Campanella viveu e desenvolveu suas atividades literárias, poéticas e filosóficas, na transição do século XVI para o século XVII, quando caia por terra o mundo medieval e descortinavam-se os tempos modernos. Foi desse modo, um personagem tipicamente do Renascimento, participou ativamente da passagem da cultura medieval altamente introvertida, que seguia na linha do homem em direção a Deus e, da cultura renascentista um tanto quanto extrovertida, que seguia na linha do homem em direção a natureza.
Possuidor de um espírito inconformista e inovador, Campanella pôs os pés na estrada do mundo ainda muito cedo, logo aos vinte anos, passou por várias cidades da Itália, como Nápoles, Roma, Florença, Bolonha e finalmente terminou seus dias na França, fugindo das implacáveis e terríveis perseguições, que sofria constantemente, acusado de heresias, e de ter os seus conhecimentos atribuídos a ação demoníaca, bem como de ser um revolucionário inveterado. Lia os gregos nos originais, principalmente Platão seu mestre preferido, com quem aprendeu muito das suas convicções filosóficas.
No entanto, Campanella tinha um mestre mais moderno, o filósofo Bernardino Telésio (1482-1534), filósofo da natureza, considerado um dos introdutores dos métodos experimentais na filosofia moderna e científica, conheceu Galileu e tentou incutir-lhe sua filosofia da natureza. Mas Galileu preferiu permanecer em seus estudos científicos, os quais já lhes davam bastantes cuidados frente ao espírito reacionário da Inquisição.
Este artigo está divido em dois principais tópicos, no primeiro momento apresentarei uma visão panorâmica da cidade do sol, sua estrutura, forma de governo e estilo de vida de seus habitantes, no segundo momento discorrerei sobre o sistema educacional dos habitantes solares, onde procurarei demonstrar a existência de uma Filosofia da Educação, bem planejada, organizada e estruturada em etapas educacionais, que proporcionam um melhor aprendizado aos estudantes solares.
A obra é sem sombra de dúvidas utópica e ao mesmo tempo mitológica, uma sociedade perfeita baseada na convivência pacífica, onde todos são possuidores e conhecedores de seus direitos e deveres e, buscam no ideal de amor a pátria em que vivem, uma fórmula para se alcançar a felicidade de todos.

I – VISÃO PANORÂMICA DA CIDADE DO SOL

Conforme relato do Almirante genovês, a Cidade do Sol fica situada numa alta colina, elevada no centro de vastíssima planície, dividida em sete círculos e designados com os nomes dos setes planetas, que se comunicam entre si formando sete extensas e poderosas muralhas, guarnecidas de vários tipos de defesas, a exemplo de torres, fossas e máquinas guerreiras, que juntas tornam a Cidade do Sol, quase que intransponível aos ataques de inimigos.

A cidade foi construída de tal forma que, se alguém em combate, ganhasse o primeiro recinto, precisaria do dobro das forças para superar o segundo, do triplo para o terceiro, e, assim, num contínuo multiplicar de esforços e de trabalhos, para transportar as seguintes. Por essa razão, quem se propusesse expugná-la precisaria recomeçar sete vezes a empresa. Considero porém, humanamente impossível conquistar sequer o primeiro recinto...][3]

A cidade é envolta em ares de religiosidade a começar pelo lugar de destaque do suntuoso templo, erguido no último círculo da muralha de cima para baixo, “No cume no monte, encontra-se, então, uma espaçosa planície, em cujo centro se ergue um templo de maravilhosa construção.”[4], daí as autoridades designadas para o governo da cidade, que são em número de quatro, serem chamadas constantemente de pontífices, vigários e sacerdotes, sendo que o primeiro e principal deles, tem o nome na linguagem dos seus habitantes de Hoh, também chamado de metafísico.
Hoh é regente firme e absoluto da cidade, suas decisões não podem ser contestadas e onde propende sua vontade os demais governantes se inclinam. “Esses três tratam de todas essas coisas em colaboração com o metafísico, sem o qual nada se faz. E assim, a república é governada por quatro, mas, em geral, onde propende a vontade do metafísico, inclinam-se as dos outros.”[5]  Os demais governantes são chamados de Pon, Sin e Mor, nomes que equivalem a Potência, Sapiência e Amor.
Seguirei agora, explicando as atribuições de cada governante. O primeiro a Potência tem em seu governo tudo que se relaciona com a paz e a guerra e, toda sorte da arte chamada militar, comanda aos Magistrados Militares e o Exército solar, lhe compete ainda a vigilância e guarda das munições, das fortificações, das construções e tudo o mais que se relaciona a estas coisas.
O segundo governante a Sapiência, tem como suas atribuições a direção das artes liberais, mecânicas, e de todas as demais ciências, preside ainda os Magistrados, que para os solares são os Astrólogos, Aritméticos, Geômetras e outros, os Doutores, bem como as Escolas de Instruções.
O terceiro governante o Amor, tem como primeira função a geração dos solares, garantindo uma união amorosa entre indivíduos de tal maneira organizados que possam produzir uma excelente prole. Ao Amor ainda compete a direção, da educação das crianças, a arte da farmácia, a semeadura, a colheita dos cereais, das frutas, a agricultura, a pecuária e a preparação das mesas, bem como dos alimentos.
A cidade idealizada por Campanella vive uma vida filosófica, uma verdadeira comunidade onde tudo é repartido e todas as coisas são postas em comum, inclusive as casas, os dormitórios, os leitos e as mulheres, sendo que, de seis em seis meses os magistrados trocam os habitantes dos lugares, evitando assim que se criem sentimentos de propriedade.

Dizem eles que toda espécie de propriedade tem sua origem e força na posse separada e individual das casas, dos filhos, das mulheres. Isso produz o amor-próprio, e cada um trata de enriquecer e aumentar os herdeiros, de maneira que, se é poderoso e temido, defrauda o interesse público, e, se é fraco, se torna avarento, intrigante e hipócrita. Ao contrário, perdido o amor-próprio, fica sempre o amor da comunidade.[6]

A procura e conquista do bem comum é, pois o que assegura a felicidade na comunidade, assim é que, ao mesmo tempo todos são ricos e pobres, são ricos porque tem tudo o que precisam e, são pobres porque não possuem nada, de forma que ninguém pode apropriar-se da parte que cabe ao outro, sendo que ao magistrado incube a função de regular a igual distribuição entre todos, inclusive as tarefas cotidianas, os empregos e até as fadigas, cada cidadão solar não trabalha mais de quatro horas por dia, utilizando o restante do dia aos estudos, à leitura, às discussões científicas, ao escrever, à conversação, aos passeios, em resumo a toda sorte de exercícios agradáveis e úteis a mente e ao corpo. É compartilhando o seu modo de viver comunitário e, selecionando as relações amorosas entre si, que os cidadãos solares vivem uma vida plena e feliz, e alcançam longos anos de vida. “Em geral, vivem cem anos, sendo que não poucos também duzentos.”[7]

II – A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA CIDADE DO SOL

A educação na cidade idealizada por Campanella se concretiza desde o início em função do trabalho, sendo dada a todos, homens e mulheres, de forma igual e universal. “Todos, sem distinção, são educados juntos em todas as artes.”[8]. Dois governantes são designados para gerenciarem a educação, Sapiência e o Amor, que acredito ser uma divisão em educação básica e superior.
Vou agora defender a afirmação acima, sobre a divisão da educação em básica e superior. Sendo o Amor responsável pela geração selecionada dos habitantes solares, é ele que dá o primeiro passo na direção da educação básica das crianças.

De acordo, com os costumes dos antigos espartanos, tanto os homens como as mulheres aparecem nus nos exercícios ginásticos, de forma que os preceptores têm a possibilidade de descobrir os que são capazes ou incapazes para a geração, podendo determinar ainda qual o homem mais conveniente  a determinada mulher, segundo as respectivas proporções corporais. A união marital se realiza cada terceira noite e depois que os geradores estão bem lavados. Uma mulher grande e bela se une a um homem robusto e apaixonado, uma gorda a um magro, uma magra a um gordo, e assim, com sábio e vantajoso cruzamento, moderam-se todos os excessos.[9]

Após a concepção as geratrizes amamentam e assistem os recém-nascidos em quartos comuns, por dois ou mais anos, segundo as orientações do Metafísico, depois disso, as meninas são entregues às mestras e os meninos aos mestres. Igualmente o filósofo Platão em sua obra A República, para Campanella, também não existe o conceito de família, as crianças passam após o período da amamentação a pertencerem ao Estado e são educadas por ele.
Inicia-se assim, como uma forma de diversão suas lições teóricas e práticas. “Começam, então, quase que como um divertimento, a aprender o alfabeto, a explicar as pinturas, a exercitar-se na corrida, na luta, e depois a estudar as histórias expostas pelas pinturas e as diferentes línguas.”[10] Isso se dá aos alunos até a idade de seis anos, onde todos são obrigados a vestirem uma elegante roupa multicolorida. Após essa idade, iniciam os estudos das ciências naturais, e conforme julgam os mestres e mestras, outras ciências são introduzidas e, por fim são apresentados as ciências mecânicas.
Essa educação inicial dada pelo governante Amor estende-se até a idade de vinte e um anos, quando todos ainda são considerados filhos, após essa idade são chamados de pais e passam a receber uma educação superior, agora, gerenciada pelo governante Sapiência. “Todos os contemporâneos se chamam irmãos, adquirem o nome de pais depois da idade de vinte e um anos, e, antes dessa idade, dizem-se filhos...”[11], lembrando ainda que, a educação solar mostra-se solícita ao sistema ensino e trabalho e que antes de chegarem a maioridade os alunos aprendem e trabalham, “...mas o serviço das mesas competem aos meninos, bem como as meninas que ainda não completaram vinte anos.”[12]
Agora defenderei a educação dada pelo governante Sapiência, como uma educação superior. A princípio está educação começa quando os solares adentram a maioridade, conforme explicado no parágrafo anterior, e passam a freqüentar a Escola de Instrução, nessas escolas são formados os mais diversos mestres, que futuramente serão chamados de magistrados e, desempenharão funções de Astrólogos, Cosmográfos, Aritméticos, Geômetras, Históriografos, Poetas, Lógicos, Retóricos, Gramáticos, Médicos, Fisiólogos, Políticos, Moralistas e tantos outros.
Na Escola de Instrução, os alunos só podem ler um único livro chamado de Saber, que contém toda a ciência que precisam conhecer. “...havendo para eles um único livro chamado Saber, no qual, com maravilhosa concisão e clareza, estão inscritas todas as ciências.”[13]. Campanella nos faz entender que esta educação superior, não permite descanso algum aos seus alunos, antes de se tornarem doutores. Pois todos igualmente têm que aprender o ofício do trabalho. “Antes de se tornarem doutores, não lhes é concedido repouso algum: depois do estudo, vão para o campo, onde se exercitam em corrida, arco, lança, arcabuz, caça, ou em Botânica, Mineralogia, Agricultura, Pecuária.”[14]
Em ambas as fases da educação solar, tanto a básica como a superior, não existem salas de aulas, os alunos aprendem sempre com seus mestres ao ar livre e passeando nos átrios e muralhas da cidade as quais possuem gravuras em toda a sua extensão, dessa forma as crianças aprendem as ciências se divertindo. “Há professores que explicam essas gravuras, habituando as crianças com menos de dez anos a aprender sem fadiga,[15] como uma espécie de divertimento, todas as ciências, mas tudo pelo método histórico.” Já na fase da educação superior, os solares se dedicam inteiramente aos estudos e aulas de campo, pois todos sem exceção têm que aprender as artes militares, agricultura e pecuária. “...eles tem em comum a arte, militar,a agricultura, e a pecuária...de forma que quem exerce maior número é considerado possuidor de maior nobreza,e quem chegou a maior nobreza e a maior perfeição em alguma delas, é eleito mestre.”[16]
 

A Filosofia como ramo do conhecimento científico, possui várias ramificações, como Filosofia do Direito, Filosofia da Arte, Filosofia da História e outras mais. O artigo em questão estuda a obra A Cidade do Sol, sob o prisma da Filosofia da Educação, que é o ramo da filosofia que se propõe a pensar e refletir sobre as maneiras e processo pedagógicos, utilizados no ensino aprendizagem dos estudantes.
Campanella desenvolveu sua obra filosófica, abordando uma cidade perfeita, com um ideal de vida senão o melhor, mas o mais viável para se alcançar a felicidade no mundo existente, no mundo real e verdadeiro, ou não é assim que pensam os que se propõem a apresentar novas leis, que consideram boas e perfeitas, para as pessoas seguirem, pois não se imagina que todos a seguirão, mas sim que, quem as observa tornar-se-ão pessoas melhores e mais felizes.
Posto que seja assim, Campanella apresenta uma estrutura complexa e detalhada da Cidade do Sol, pois não era seu objetivo se aprofundar em um assunto somente, mas apresentá-la como um todo planejado, mas não tão bem organizado. Por isso, se faz necessário extrair de seu pensamento a sua Filosofia da Educação, que como vimos é um sistema educacional extenso que dura quase que a vida toda, dividido entre dois, dos seus três príncipes regentes, Sapiência e Amor, que como forma de aprimorar ainda mais a educação, penso que a subdividiram em duas etapas, que chamo de educação básica e superior, cada uma com seu método próprio e processo pedagógico diferentes entre si, mas com o mesmo objetivo, ou seja, uma educação para a vida, para a tarefa, para o trabalho.
Devemos ter sempre em mente que, para Campanella uma cidade só alcançará a perfeição, quando seus habitantes renunciarem a causa própria, a qual ele chama de amor-próprio e, aumentarem o amor pelo interesse público, que ele chama de amor da comunidade. Para Campanella, a educação serve como ponte, onde de um lado está o particular, o indivíduo, o amor-próprio, e do outro lado, o universal, o público, o amor pela comunidade, portanto, todos os habitantes solares são obrigados por intermédio da educação a atravessarem a ponte e tornarem-se cidadãos felizes e satisfeitos consigo mesmo e com a comunidade a quem pertencem.
Dessa forma, entendo que a Filosofia da Educação na Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, existe e, é baseada em função do trabalho, uma educação de utilidade, onde todos de uma forma ou de outra, deverão contribuir para o bem comum da cidade, onde tudo é de todos e, ao mesmo tempo nada é de ninguém, pois tudo pertence à comunidade. Penso que esta educação solar difere em muito de nosso modelo de educação moderna brasileira, por duas razões que julgo principais, primeira falta de oportunidades iguais no processo de ensino aprendizagem, onde podemos observar claramente, que nem todos têm o direito de estudar, de aprender, pois o Estado brasileiro não cumpre com sua obrigação de garantir estudo a todos e quando garante muitas vezes é um ensino de padrões baixo, por isso a proliferação constante de mais e mais Escolas particulares por todo o País. A segunda razão é o estímulo ao egocêntrico, onde os alunos desde a mais tenra idade são convencionados ao individualismo, egoísmo puro, não compartilham nada e estudam apenas para o seu benefício próprio, ou seja, estudam para crescerem como pessoas particulares e não como cidadãos inseridos em uma comunidade e, responsáveis pela felicidade de todos.
A Cidade do Sol é uma cidade projetada para a perfeição, um verdadeiro sonho a ser sonhado, talvez esteja distante de nossa realidade moderna, mas que, a idéia do sol, seja que os seus raios iluminam a todos sem distinção alguma, ou acepção de pessoa. Penso que este seja o legado de Campanella para as gerações futuras, uma cidade onde todos possam ser alcançados pelos raios dos direitos e deveres e, assim possam viver felizes e alegres, como o Sol que a todos ilumina.          


CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol. Trad. Aristides Lobo, Editora Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1978.  
PLATÃO. A República. Coleção Obra-Prima de Cada Autor. Editora Martin Claret, 2ª Edição, São Paulo, 2008.
MORE, Thomas. A Utopia. Coleção Os Pensadores, Editora Nova Cultural. São Paulo, 1997.
MONTEIRO, Regina Maria Carpentieri. Dissertação: A Filosofia do Direito em a Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, 2013.



Notas e Citações

[1] Campanella nasceu em Stilo, em 05 de setembro de 1568 e morreu em 21 de maio de 1639, em Paris. Batizado na Igreja de São Biaggio com o nome de Giovanni Domenico, Campanella era filho de Geronimo Martello, um sapateiro analfabeto de poucos recursos, e de Catarina Martello, que morreu antes do filho completar cinco anos de idade. Ao entrar para a Ordem Dominica, o noviço escolheu o nome de Tommaso em homenagem a São Tomás de Aquino, o sobrenome Campanella, o sino, era apelido de seus bisavôs. (Dissertação: A Filosofia do Direito em a Cidade do Sol, de Tommaso Campanella, Regina Maria Carpentieri Monteiro).  Sua primeira obra foi a Philosophia Sensibus Demonstrata, que lhe valeu a acusação de heresia. Tendo deixado o convento em que iniciara seus estudos, empreendeu uma viagem pela Itália, através da qual ficou conhecendo os homens mais ilustres do seu tempo. Voltando a Stilo e sempre preocupado em operar uma reforma que servisse para enfraquecer o domínio da autoridade, Campanella iniciou uma atividade política tentando organizar uma conspiração contra o despotismo espanhol. Isso o levou ao cárcere, onde permaneceu por vinte e sete anos. Libertado em 1626, seguiu para Roma, onde foi bem recebido pelo Papa Urbano VIII. Logo, porém, tornou-se alvo de novos ataques e, perseguido, foi obrigado a fugir para a França, onde foi recebido por Luiz XIII e pelo Cardeau Richelieu. (CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol. Tradução de Aristides Lobo. Livraria Edições de Ouro). Campanella deixou uma obra vasta que abrange vários tópicos: gramática, retórica, filosofia, teologia, política, medicina etc. Segundo Campanella as ciências tratam das coisas como elas são, cabendo a filosofia e especialmente a metafísica explicar as coisas em seu sentido mais profundo. Entre suas obras destacam-se: Philosophia sensibulus demonstrata -Nápoles, 1591; Del senso delle cose e della magia - Bari, 1620; Apologia pro Galileo, mathematico Florentino - Frankfurt, 1622; Atheismus triumphatus - Paris, 1631; Monarchia messiae - Jesi, 1633; Disputationum in quator partes suae philosophia reales libri quator - Paris, 1637; Epilogo magno; Theologicorum libri XXX. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tommaso_Campanella, acessada em 11 de julho de 2014).
[2]  Ordem religiosa baseada no serviço hospitalar. (Nota do Tradutor da Obra).
[3] CAMPANELLA, Tommaso, A Cidade do Sol, Edições de Ouro. p 26.
[4] Idem. p 29.
[5] Idem. p 37.
[6] Idem. p 38.
[7] Idem. p 79.
[8] Idem. p 40.
[9] Idem. p 52.
[10] Idem. p 55.
[11] Idem. p 39.
[12] Idem. p 47.
[13] Idem. p 32.
[14] Idem. p 46
[15] Idem. p 36.
[16] Idem; p 73.

Autor: Edney de Oliveira da Silva.